Tony Iommi: como compus o riff de “Symptom of the Universe”
Artigos 28 de Julho, 2020 Metal Hammer

O guitarrista dos Black Sabbath revela o segredo por detrás do maior riff metal.

Quando a Metal Hammer UK elaborou a lista dos 50 maiores riffs de todos os tempos, só podia haver um vencedor: o da poderosa “Symptom of the Universe” dos Black Sabbath. Perguntámos ao homem por detrás disso, a lenda que é Tony Iommi, como criou aquele ruído imortal – e se alguma vez sacou um riff na sanita.

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Consegues lembrar-te onde estavas quando sacaste o riff de “Symptom of the Universe”?
Oh meu deus, foi há tanto tempo. Não me lembro, para ser completamente sincero. Imagino que provavelmente estávamos a ensaiar.
É assim que costumavas sacar riffs
– em ensaios?
Geralmente, sim. Às vezes, saco as cenas em
casa e gravo-as apenas para me lembrar delas, mas, realmente, não
trabalho muito as coisas.
Fazes soar tudo fácil…
Ouso
dizer, mas sim, nunca tive muitos problemas em criar riffs.
Agora que disse isto, provavelmente nunca vou sacar outro. Mas tenho
centenas deles ao longo dos anos em vários CDs. Alguns deles
remontam aos Sabbath originais, alguns da era Dio, trechos de quando
o Ian Gillan [dos Deep Purple] ou o [ex-vocalista] Tony Martin
estavam na banda. Nem sei o que tenho ali. Continuo a ameaçar que
vou sentar-me e ouvi-los todos num dia destes quando tiver hipótese.
Quando compuseste “Symptom of the
Universe”, com que guitarristas estavas a competir?
Comigo.
Estava a competir comigo mesmo. Estava sempre a tentar sacar ideias
cada vez mais inventivas – diferentes afinações, a mudar os
amplificadores, apenas a brincar com as guitarras. Tentava
constantemente melhorar e mudar as coisas. Não ouvia as outras
pessoas para o caso de começar a tocar um riff de alguém por
engano.
A segunda metade de “Symptom of
the Universe” parte para um território estranho e prog-jazz.
Estavas deliberadamente a compor uma música de prog-metal?
Não,
só estávamos a tocar em conjunto. Foi algo que eu saquei, e o
Geezer [Butler, baixo] e o Bill [Ward, bateria] seguiram-me, e depois
o Ozzy entrou. Lembro-me que quando tínhamos o Ronnie Dio connosco,
toquei-lhe a faixa “Die Young” [que acabou no álbum “Heaven
and Hell” dos Sabbath]. Foi num ritmo completamente diferente, e
ele disse: ‘Não podem fazer isso!’. Eu disse: ‘É claro que podemos.
É o que sempre fizemos.’
Que memórias tens de quando fizeram
o álbum “Sabotage”?
Oh, foi um pesadelo. Tivemos um
processo judicial com nosso ex-agente, o Patrick Meehan, enquanto
estávamos a meio do processo de gravação do álbum. Recebemos um
auto e acabámos por ter que ir à porra do tribunal de manhã, todos
bem vestidos, e depois tentar voltar ao estúdio para continuar a
trabalhar. Era difícil criar. Tinhas de ter duas cabeças.
Isso alimentou gravosamente o
álbum?
Certamente com as letras do Geezer. Ele escreveu uma
chamada “The Writ”, portanto foi influenciado, com certeza. Acho
que a agressão revelou-se realmente na música quando tocávamos
juntos. Há coisas realmente pesadas nesse disco.
É verdade que “The Writ” foi
inspirada num advogado que apareceu inesperadamente no estúdio para
vos entregar documentos judiciais?
Foi exactamente o que
aconteceu. Eles costumavam aparecer a toda a hora. Nunca sabíamos
que estavam a caminho. Se soubéssemos, tínhamos desaparecido
rapidamente.
“Sabotage” levou quase um ano
para ser gravado. Houve algum momento em que pensaste que talvez não
chegassem ao fim?
Não, nunca me senti assim. Sempre
discutimos tudo o que havia para discutir. Sem a música, todos
teríamos ficado malucos. Acho que isso nos uniu como banda. Sempre
que passávamos por problemas, apenas lutávamos juntos.
A capa do álbum “Sabotage”. O
que está a acontecer ali?
[risos] Um tipo que trabalhou para
nós era artista, teve uma óptima ideia – nós reflectidos no
espelho, coisas assim. Mas quando chegou o dia, alguém disse ao
Bill: ‘O que é que vais vestir?’ E ele disse: ‘Não sei.’ Então ele
virou-se para a esposa e disse: ‘Podes emprestar-me as tuas calças?’
Portanto, ele vestiu as calças vermelhas da esposa. E penso que
também pediu emprestadas as cuecas do Ozzy. Parecia ridículo como o
caraças. Definitivamente, não saiu como queríamos.
Quando foi a última vez sacaste um
riff e pensaste ‘Ooh, é saboroso’?
Bem,
tenho alguns que ainda não usei e que são bons. Há cerca de quatro
ou cinco do último álbum dos Sabbath [“13”] que não usámos.
Ouvi um CD com eles recentemente. Pensei: ‘Caraças, isto é bom, por
que é que não usámos isto?’
O que vais fazer a todos esses riffs
por usar que tens por aí? Usá-los num álbum a solo? Ou talvez
guardá-los para um novo álbum de Sabbath?
Não haverá um
álbum de Sabbath. Realmente não sei. Recebi o [engenheiro] Mike
Exeter em minha casa e acabámos por ter algumas ideias. Estou a
receber datas do Mike para ver quando é que ele está disponível,
mas realmente cabe a mim revistar algumas das coisas que já tenho. O
problema é que, quando fizer isso, vou surgir com outra coisa
qualquer.
Temos falado sobre “Symptom of the
Universe”. Mas qual é o teu riff favorito à
Tony Iommi?
Oh meu deus, é difícil. Gosto da “Into the
Void”. E gosto de algumas das coisas que fizemos com o Dio –
“Heaven and Hell” foi um bom riff, “Neon Knights”.
Gosto de tantos. Gosto muito de tudo o que fizemos.
Além dos teus, qual é o melhor
riff de todos os tempos?
Isso é ainda
mais difícil. Existem tantos riffs incríveis do passado e de
coisas actuais. Mas temos de ter “Smoke on the Water” dos Deep
Purple. E é claro que existem muitas músicas dos Zeppelin. O Jimmy
Page tem óptimos riffs.
Já te surgiu algum riff enquanto estavas na sanita?
[risos] Oh sim. Tenho riffs que surgem a toda a hora em tempos diferentes, em lugares diferentes. Nunca sabe quando a magia vai atacar.
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Consultar artigo original em inglês.
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