O guitarrista dos Black Sabbath revela o segredo por detrás do maior riff metal. Tony Iommi: como compus o riff de “Symptom of the Universe”

O guitarrista dos Black Sabbath revela o segredo por detrás do maior riff metal.

Quando a Metal Hammer UK elaborou a lista dos 50 maiores riffs de todos os tempos, só podia haver um vencedor: o da poderosa “Symptom of the Universe” dos Black Sabbath. Perguntámos ao homem por detrás disso, a lenda que é Tony Iommi, como criou aquele ruído imortal – e se alguma vez sacou um riff na sanita.

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Consegues lembrar-te onde estavas quando sacaste o riff de “Symptom of the Universe”?
Oh meu deus, foi há tanto tempo. Não me lembro, para ser completamente sincero. Imagino que provavelmente estávamos a ensaiar.

É assim que costumavas sacar riffs – em ensaios?
Geralmente, sim. Às vezes, saco as cenas em casa e gravo-as apenas para me lembrar delas, mas, realmente, não trabalho muito as coisas.

Fazes soar tudo fácil…
Ouso dizer, mas sim, nunca tive muitos problemas em criar riffs. Agora que disse isto, provavelmente nunca vou sacar outro. Mas tenho centenas deles ao longo dos anos em vários CDs. Alguns deles remontam aos Sabbath originais, alguns da era Dio, trechos de quando o Ian Gillan [dos Deep Purple] ou o [ex-vocalista] Tony Martin estavam na banda. Nem sei o que tenho ali. Continuo a ameaçar que vou sentar-me e ouvi-los todos num dia destes quando tiver hipótese.

Quando compuseste “Symptom of the Universe”, com que guitarristas estavas a competir?
Comigo. Estava a competir comigo mesmo. Estava sempre a tentar sacar ideias cada vez mais inventivas – diferentes afinações, a mudar os amplificadores, apenas a brincar com as guitarras. Tentava constantemente melhorar e mudar as coisas. Não ouvia as outras pessoas para o caso de começar a tocar um riff de alguém por engano.

A segunda metade de “Symptom of the Universe” parte para um território estranho e prog-jazz. Estavas deliberadamente a compor uma música de prog-metal?
Não, só estávamos a tocar em conjunto. Foi algo que eu saquei, e o Geezer [Butler, baixo] e o Bill [Ward, bateria] seguiram-me, e depois o Ozzy entrou. Lembro-me que quando tínhamos o Ronnie Dio connosco, toquei-lhe a faixa “Die Young” [que acabou no álbum “Heaven and Hell” dos Sabbath]. Foi num ritmo completamente diferente, e ele disse: ‘Não podem fazer isso!’. Eu disse: ‘É claro que podemos. É o que sempre fizemos.’

Que memórias tens de quando fizeram o álbum “Sabotage”?
Oh, foi um pesadelo. Tivemos um processo judicial com nosso ex-agente, o Patrick Meehan, enquanto estávamos a meio do processo de gravação do álbum. Recebemos um auto e acabámos por ter que ir à porra do tribunal de manhã, todos bem vestidos, e depois tentar voltar ao estúdio para continuar a trabalhar. Era difícil criar. Tinhas de ter duas cabeças.

Isso alimentou gravosamente o álbum?
Certamente com as letras do Geezer. Ele escreveu uma chamada “The Writ”, portanto foi influenciado, com certeza. Acho que a agressão revelou-se realmente na música quando tocávamos juntos. Há coisas realmente pesadas nesse disco.

É verdade que “The Writ” foi inspirada num advogado que apareceu inesperadamente no estúdio para vos entregar documentos judiciais?
Foi exactamente o que aconteceu. Eles costumavam aparecer a toda a hora. Nunca sabíamos que estavam a caminho. Se soubéssemos, tínhamos desaparecido rapidamente.

Sabotage” levou quase um ano para ser gravado. Houve algum momento em que pensaste que talvez não chegassem ao fim?
Não, nunca me senti assim. Sempre discutimos tudo o que havia para discutir. Sem a música, todos teríamos ficado malucos. Acho que isso nos uniu como banda. Sempre que passávamos por problemas, apenas lutávamos juntos.

A capa do álbum “Sabotage”. O que está a acontecer ali?
[risos] Um tipo que trabalhou para nós era artista, teve uma óptima ideia – nós reflectidos no espelho, coisas assim. Mas quando chegou o dia, alguém disse ao Bill: ‘O que é que vais vestir?’ E ele disse: ‘Não sei.’ Então ele virou-se para a esposa e disse: ‘Podes emprestar-me as tuas calças?’ Portanto, ele vestiu as calças vermelhas da esposa. E penso que também pediu emprestadas as cuecas do Ozzy. Parecia ridículo como o caraças. Definitivamente, não saiu como queríamos.

Quando foi a última vez sacaste um riff e pensaste ‘Ooh, é saboroso’?
Bem, tenho alguns que ainda não usei e que são bons. Há cerca de quatro ou cinco do último álbum dos Sabbath [“13”] que não usámos. Ouvi um CD com eles recentemente. Pensei: ‘Caraças, isto é bom, por que é que não usámos isto?’

O que vais fazer a todos esses riffs por usar que tens por aí? Usá-los num álbum a solo? Ou talvez guardá-los para um novo álbum de Sabbath?
Não haverá um álbum de Sabbath. Realmente não sei. Recebi o [engenheiro] Mike Exeter em minha casa e acabámos por ter algumas ideias. Estou a receber datas do Mike para ver quando é que ele está disponível, mas realmente cabe a mim revistar algumas das coisas que já tenho. O problema é que, quando fizer isso, vou surgir com outra coisa qualquer.

Temos falado sobre “Symptom of the Universe”. Mas qual é o teu riff favorito à Tony Iommi?
Oh meu deus, é difícil. Gosto da “Into the Void”. E gosto de algumas das coisas que fizemos com o Dio – “Heaven and Hell” foi um bom riff, “Neon Knights”. Gosto de tantos. Gosto muito de tudo o que fizemos.

Além dos teus, qual é o melhor riff de todos os tempos?
Isso é ainda mais difícil. Existem tantos riffs incríveis do passado e de coisas actuais. Mas temos de ter “Smoke on the Water” dos Deep Purple. E é claro que existem muitas músicas dos Zeppelin. O Jimmy Page tem óptimos riffs.

Já te surgiu algum riff enquanto estavas na sanita?
[risos] Oh sim. Tenho riffs que surgem a toda a hora em tempos diferentes, em lugares diferentes. Nunca sabe quando a magia vai atacar.

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Consultar artigo original em inglês.