Se há bandas que têm a destreza de evoluir de álbum para álbum, então os The Great Old Ones são uma...

Editora: Season Of Mist
Data de lançamento: 25.10.2019
Género: post-black metal
Nota: 4/5

A banda mais Lovecraftiana de todas está de volta aos discos com o quarto “Cosmicism”, título que nos leva irremediavelmente aos escritos filosóficos do escritor que criou um estilo próprio de ficção aliada ao terror muitas vezes mitológico – quem nunca ouviu falar de Cthulhu, certo?

Desenvolvido por HP Lovecraft, o Cosmicismo é uma filosofia literária baseada na ideia de que os humanos são criaturas insignificantes que estão totalmente à mercê do grande esquema cósmico. Assim, os The Great Old Ones deixam por momentos a profundeza dos mares e zarpam em direcção ao espaço infinito governado por entidades cósmicas.

Apesar de “EOD: A Tale of Dark Legacy” (2017) ter sido um álbum muito bom, novas faixas como “The Omniscient” ou “Of Dementia” colocam a banda imediatamente num patamar acima. Enquanto a primeira é um atestado do melhor post/atmospheric black metal que se pode e pôde ouvir em 2019, com paredes sonoras densas, furiosas, melódicas e com momentos de clímax extasiantes, a segunda apresenta um quinteto também orientado à ortodoxia do black metal através de uma composição mais directa mas sempre intensa. Contudo, há uma terceira via – a da dissonância, do desconforto, da inquietação –, e tal acontece em “Lost Carcosa”, faixa em que a banda impõe todo o seu poder sónico quanto às três expressões utilizadas atrás e que é, desde sempre, um cartão-de-visita do grupo.

Sempre robustos, espessos, destemidos e temíveis, como de pode testemunhar na longa e algo proggy “A Thousand Young”, os franceses acabam por encontrar espaço para uma faixa mais curta e um pouco menos arrojada em “Dreams of the Nuclear Chaos”, para terminaram com uma quarta abordagem à própria sonoridade através da doomy “Nyarlathotep”, que evoca uma das muitas divindades malignas do universo de HP Lovecraft.

Se há bandas que têm a destreza de evoluir de álbum para álbum, então os The Great Old Ones são uma delas. Assim, não só cresceram em criatividade e habilidade na execução como possuíram a clareza artística de saberem que tinham de associar a sonoridade de “Cosmicism” ao espaço em vez dos negros e turbulentos mares de Cthulhu.