Donos de uma sonoridade que mistura black e death metal, sempre em doses muito melódicas, a pausa de muitos anos acaba...

Editora: Ethereal Sound Works
Data de lançamento: 09.09.2019
Género: melodic black/death metal
Nota: 3.5/5

Onze anos depois do EP debutante “The Pledge of Chaos”, os nortenhos Anifernyen lançam finalmente o muitíssimo aguardado primeiro LP “Augur”.

Donos de uma sonoridade que mistura black e death metal, sempre em doses muito melódicas, a pausa de muitos anos acaba de dar frutos com um álbum maduro e bem produzido, ainda que não seja perfeito porque, em certos momentos, é possível sentir a bateria com um volume mais alto do que os restantes instrumentos, algo que primeiro se estranha e depois se entranha. Por outro lado, e depois de nos habituarmos ao que ouvimos, acabamos por sentir certos equilíbrios bem implementados, como a percepção das linhas de baixo.

Faixas como “Tyrant”, “Eldritch Moon” e “Emissary” personificam bem a evolução e actualidade da banda, especialmente devido a um som cativante protagonizado por guitarras de death metal melódico que, por vezes, alcançam patamares épicos sem nunca se enveredar por clichés amigáveis; isto é, a agressividade da base musical extrema está bem vincada. “Voleur d’Âmes” é outra composição que merece realce à custa de um lead corrido e melancólico que surge após um segmento de breaks iniciais. E enquanto “Foreshadowing” nos leva a campos mais doom metal, a seguinte “Christendoom” tem o seu riff inicial claramente inspirado no heavy metal tradicional, o que acaba por relacionar-se bem ao som death metal do grupo por causa da distorção usada; ainda assim esta faixa caminha a passos largos para um imaginário sónico negro. “Wormwood” é todo um cavalgar retumbante, “Neverlight” bebe de Behemoth e a final “Deadite” incita a uma marcha militar que explode na frente de batalha com malhas compactas que se desdobram em tecnicismo.

“Augur” pode não ser a oferta mais inovadora que vamos ouvir em 2019, mas apresenta uma camaradagem musical invejável que, mesmo só ouvindo sem vermos, se sente a milhas. Ainda que, como descrito no início, a bateria não esteja plenamente equilibrada com o resto e talvez se abuse no pedal duplo, sem nunca beliscarmos a técnica global do músico que opera o instrumento, é certo que ao longo de 11 faixas ouvem-se riffs orelhudos e de interesse sensorial, sem esquecermos o gutural diabólico de Daniel Lucas.