Megadeth “Youthanasia”: injecção de sucesso
Artigos 1 de Novembro, 2019 Diogo Ferreira
Enquanto os Metallica sofriam as consequências de terem feito um videoclipe para “One” e de terem chocado muitos fãs com as escolhas criativas firmadas no álbum homónimo de 1991, preparando caminho para o derradeiro mainstream com “Load” (1996), os Megadeth viviam bem com o praticamente perfeito “Rust In Peace” (1990), com o contínuo sucesso de “Countdown to Extinction” (1992) e abriam caminho para a grande explosão comercial que fora “Youthanasia” (1994). Dave Mustaine estava, na sua cabeça, a cumprir o que havia prometido: ser melhor e maior do que Metallica. A criatividade de Mustaine & Cia. podia ser mais excitante do que a de Metallica, mas o reverso da medalha demonstrava que, valendo o que possa valer na felicidade pessoal, os cofres dos segundos estavam mais recheados, e o declínio viria mais cedo do que se pensava com “Cryptic Writings” (1997), escancarando um portão de subidas e descidas, entre álbum bom e álbum menos bem-recebido daí para a frente.
“Youthanasia” era lançado a 1 de Novembro 1994 e estreava no top 5 da Billboard – tudo corria bem.
Com a formação de êxitos anteriores – Dave Mustaine, Marty Friedman, David Ellefson e Nick Menza (1964-2016) –, o título deste sexto álbum de Megadeth é uma amálgama das palavras youth (juventude) e euthanasia (eutanásia), personificando assim uma sociedade que promovia a eutanásia de jovens desorientados, sem direcção, sem farol. Quatro anos antes, “Rust In Peace” já apresentava letras bastante interventivas e as mentalidades evoluem, mas mesmo assim – e a título humorístico – não dá para esquecer que, nove anos antes, Dave Mustaine e os companheiros da altura andavam a gastar 4000 dólares em cocaína, heroína e hambúrgueres.
A crítica recebeu bem “Youthanasia” – em 1995 seria galardoado com platina – e o superior elogio assentava numa maior profundidade em relação a “Countdown To Extinction” e mais melodia se nos lembrarmos de “Rust In Peace”.
A fugir dos abusos (mas não por muito tempo) e a chamar Ellefson e Friedman até si, Mustaine criou esta obra no estúdio e cedo perceberam que o que haviam sacado da cartola funcionaria melhor a mid-tempo. Decisão acertada: a melodia seria mais audível, os detalhes dos riffs seriam muito mais perceptíveis, Mustaine teria de aprender a cantar e até haveria espaço para uma balada – a eterna “A Tout Le Monde”, erroneamente vista como uma canção suicida.
Dos drumming rolls de “Addicted To Chaos” à entrada nuclear de “Black Curtains”, passando pelas thrashy “Train of Consequences” e “The Killing Road” e pela harmonia de “Elysian Fields” e “Blood of Heroes”, o sexto disco dos californianos estará seguramente no top 3 de muitos fãs que, irredutíveis, têm sabido e conseguido perdoar algumas curvas que deram em acidente. A vida é mesmo assim. E em 1994, os Megadeth podiam dar-se ao luxo de dizer que estavam acima dos seus pares.

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