Se nasceste na última metade da década de 1980, então este texto é para ti e o ano de 2020 também...

Se nasceste na última metade da década de 1980, então este texto é para ti e o ano de 2020 também será se o teu espírito adolescente ainda estiver a espernear aí dentro.

Claro que há sempre aquela pessoa que diz que aos seis anos já ouvia Metallica, Slayer e Megadeth, mas tirando isso, o mais provável é que muitas e muitos de nós, que nascemos algures entre 1985-1990, tenhamos tomado contacto com a música pesada na viragem do século quando o metal estava a tentar ressuscitar após o embate comercial com o grunge e as raves. Aquela história de sempre… A do ano de 1999 ser o fundo do poço do metal e se ligavas a televisão tinhas de escolher nu-metal ou hip-hop. Estou a escrever isto porque escolhi o nu-metal dos Papa Roach, dos Slipknot, dos Limp Bizkit, dos Korn, dos System Of A Down – nem tanto dos Deftones ou dos Linkin Park, e muito menos dos Crazy Town, mas isso vale o que vale para cada um.

Estamos em 2020 e marcas como a passagem dos 20 anos de alguma coisa é sempre um momento específico que gera saudade. Os skaters já não ouviam só punk, os urbano-depressivos adolescentes não ouviam só Nirvana e as meninas e meninos de famílias ditas de bem escondiam CDs piratas de Marilyn Manson com capas imprimidas nos fóruns municipais da juventude.

Nascia a geração do nu-metal.

O walkman preso no cinto dava lugar ao discman guardado no bolso grande das calças largas. As covers infantis e em português dos Onda Choc na RTP1 aos sábados de manhã davam lugar à intensidade da “My Generation” dos Limp Bizkit na MTV. As discussões com os nossos pais eram cada vez mais impossíveis de suportar – as primeiras negas no final do período escolar, os primeiros cigarros e o nu-metal. E aquela pessoa que te deixou e estavas mesmo para morrer com 15 anos? O que te salvava era a “Last Resort” dos Papa Roach.

Mas estamos em 2020, certo? E temos mais de 30 anos. Quer dizer, vamos passar este ano a pensar e a viver aquele 1999, aquele 2000, aquele 2001. Porquê? Porque Portugal vai receber concertos de System Of A Down e Korn no VOA, Slipknot na Altice Arena, Deftones no North Music Festival e Limp Bizkit no EDP Vilar de Mouros.

Ainda tens as tuas calças da Resina e será que te servem? O teu velho discman ainda funciona ou deixaste lá a pilha que já rebentou? E os CDs piratas estão num caixote no sótão ou já foram para o lixo?

É tempo de recuperar isso tudo, nem que seja mentalmente num acto simbólico de nostalgia. É tempo de comprar o bilhete com o dinheiro do último Natal ou da última Páscoa sem saber ao certo se vamos, encontrar uma boleia à última hora com malta mais velha que nem conhecemos e subir até Vilar de Mouros. Só avisamos os nossos pais depois de lá chegarmos – talvez através do telefone de um café. Quando voltarmos, seja o que for.

Era assim.

Mas agora temos mais de 30 anos e estamos em 2020. Só que 2000 está mesmo ao virar da esquina. Não percas isto por nada!