Carcass “Despicable” EP
Reviews 29 de Outubro, 2020 João Correia
Editora: Nuclear Blast
Data de lançamento: 30.10.2020
Género: melodic death metal
Nota: 4.5/5
“Despicable” é o real deal, é o regresso dos Carcass ao seu som de marca como já não o ouvíamos desde 1995. Vem aí bomba!
Pouco importam as opiniões perante os factos – para quem se habituou a ouvir obra-prima após obra-prima, “Surgical Steel”, o último disco dos quatro fabulosos de Liverpool, datado de 2013, saldou-se por um ‘meh’. Um ‘meh +’ para sermos justos, muito graças a “Captive Bolt Pistol”, a verdadeira faixa digna de nota de todo o registo, e à melhor produção de sempre dos Carcass. Mesmo tendo colhido os louros de melhor álbum do ano por parte de várias publicações a nível mundial, os fãs mais antigos da banda testemunharam o regresso dos Carcass ao death metal, mas de forma relativamente insípida. Exceptuando a faixa acima referida, desafiamos mesmo os leitores a recordarem-se de outros momentos marcantes do álbum. A conclusão será quase unânime: é um bom disco de death metal. E é isso.
Felizmente, “Despicable” é o total oposto do seu antecessor e, com apenas quatro temas de amostra, somos reapresentados aos Carcass de antigamente, aos Carcass em período de transição de “Necroticism – Descanting The Insalubrious” para “Heartwork”, os dois trabalhos mais bem-conseguidos da imortal parceria entre Walker e Steer. O veículo que nos transporta para “Despicable” é a severidade auditiva de “Necroticism” e o GPS desse veículo é “Heartwork”, passem as expressões, e é isso que é tão fascinante no novo trabalho de apresentação do próximo disco dos Carcass.
A primeira incisão cabe a “The Living Dead at the Manchester Morgue”, com um início relativamente melódico que nos remete para “Heartwork”.Quando começa a música propriamente dita, de forma lenta mas pesada e, posteriormente, rápida e pesada, ouvimos um tema extraído a ferros de “Necroticism”: a voz cavernosa e gritada de Walker, os solos caóticos e velozes, as estruturas macabras, o solo melódico… Tudo na música exala um fedor a “Necroticism” como já não sentíamos desde o próprio.
O humor inglês sempre tão associado aos Carcass manteve-se, como é possível constatar em “The Long and Winding Bier Road”, alusão clara a “The Long and Winding Road”, clássico maior dos The Beatles, ou não partilhassem ambas as bandas o mesmo berço. Com um riff mais a atirar para “Heartwork”, com uma estrutura mais melódica (e muito catchy), a meio voltamos a entrar pela porta de “Necroticism”. Por esta altura, a ideia com que ficamos é que “Despicable” é uma tentativa bem-conseguida de misturar os dois discos maiores dos mestres do splatter metal. Há quem lhe chame gore hoje em dia, mas é impossível ouvir um álbum de Carcass e não pensar em splatter.
A seguir ouvimos o tema mais incisivo do EP, “Under the Scalpel Blade”, que, só pelo título, nos transmite uma sensação de “Necrotiscism”. Não estávamos enganados. A similaridade com qualquer tema do clássico de 1991 chegou a levar-nos a pensar se não se trataria de um tema adicional que não foi aproveitado para esse trabalho.
Por fim, “Slaughtered in Soho” repete a fórmula de “Despicable”, com um início muito parecido com o som e marca de “Heartwork”, e que, gradualmente, se apodera do espírito de “Necroticism” para, na altura do solo, a banda revisitar de forma majestosa “Swansong” e o death n’ roll associado a esse trabalho.
Posto isto, “Despicable” é o real deal, é o regresso dos Carcass ao seu som de marca como já não o ouvíamos desde 1995. Repetimos que, quando apenas quatro músicas nos fazem vibrar como já não o fazíamos há algum tempo, então é porque vem aí bomba. A julgar por “Despicable”, temos muita fé de que o próximo disco dos Carcass seja um candidato imediato a melhor disco do ano. Deste vez, justamente.

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