“Wanderers” parece um álbum feito com alguma pressa e, quiçá, com peças que não foram incluídas anteriormente.

Editora: Napalm Records
Data de lançamento: 30.08.2019
Género: symphonic metal
Nota: 3/5

Possivelmente vistos como um hobby do baterista Thomas Caser (CEO da Napalm Records), os sinfónicos Visions Of Atlantis regressaram aos álbuns mais rapidamente do que o esperado, tendo em conta que o bem-recebido “The Deep & the Dark” foi lançado em Fevereiro de 2018. Com formações altamente instáveis, Caser é o único membro original e a espantosa vocalista Clémentine Delauney encontra-se nas fileiras da banda desde 2013, sendo a novidade “Wanderers” o seu segundo longa-duração com Visions Of Atlantis.

Verdade seja dita: uma primeira audição descuidada de “Wanderers” pode significar a percepção de um álbum de power/symphonic metal genérico – não é verdade que seja um álbum fraco, mas está claramente uns furos abaixo de “The Deep & the Dark”, faltando a diversidade e parte da energia explorativa desse disco, ainda que a novidade discográfica contenha orquestrações com alguma relevância. Acto contínuo, encontram-se alguns riffs interessantes, mas estão demasiado afastados dos holofotes, dando-se mais ênfase aos arranjos orquestrais, à bateria e, claro, à voz de Delauney, esta que agora é acompanhada pelo italiano Michele Guaitoli, substituto de Siegfried Samer que tão bem fez parceria com a francesa entre 2013 e 2018. Na realidade, Guaitoli surge muitas vezes em segundo plano, mesmo que tenha os seus momentos singulares, e cedo nos apercebemos que a voz de Delauney tem mais destaque do que a de Guaitoli, mesmo quando os dois cantam em conjunto. Resumindo, Delauney continua perfeita, com um timbre cristalino e com uma aplicação vocal magnânima.

Recuperando a questão de as guitarras estarem algo afastadas da frente, não podemos omitir a existência de alguns solos bem sacados, como em “The Siren & the Sailor”, tema que nos coloca no Médio Oriente. E por falar em localizações, a orelhuda “Heroes of the Dawn” leva-nos às Highlands com os seus arranjos de flauta, sendo que estes são os dois únicos apontamentos que podemos exultar como diversidade, ao contrário de “The Deep & the Dark” (2018) que conseguia ir do folk ao rock e da pop ao metal. Contudo, há espaço para faixas estimulantes com refrãos cativantes em “A Journey to Remember” e “A Life of Our Own”, duas boas composições que contrariam “Nothing Lasts Forever”, “Into the Light” e o tema-título, as três baladas do álbum que, tendo em mente a sua qualidade perto do medíocre, podiam ficar de fora.

Em suma, “Wanderers” parece um álbum feito com alguma pressa e, quiçá, com peças que não foram incluídas anteriormente. Não chega a ser esquecível, mas não tem o impacto do antecessor e facilmente se escolherão as três ou quatro músicas que se quererão ouvir aqui e ali ao invés da integralidade do trabalho. A promoção afirma mesmo que este é o álbum de metal sinfónico mais intenso e profundo que o mundo ouviu em 15 anos – sabemos que têm de vender o seu peixe, mas é uma afirmação longínqua do veredicto final se recordarmos discos como “The Holographic Principle” dos Epica ou “Heaven’s Demise” dos portugueses Glasya.