Criatividade muito boa, mas acima de tudo uma capacidade de manter as coisas frescas sem mexer muito numa fórmula que se revelou demolidora.

Editora: Beard Of Zeus
Data de lançamento: 10.07.2020
Género: stoner rock/metal
Nota: 4.5/5

Criatividade muito boa, mas acima de tudo uma capacidade de manter as coisas frescas sem mexer muito numa fórmula que se revelou demolidora.

Este quarteto de Manchester chega ao seu terceiro álbum envolto num hype assinalável. Não arriscaríamos a dizer que a indústria espera que sejam a next big thing, como a imprensa britânica propalava durante os anos 1990 na cena pop, mas os Ten Foot Wizard, com a sua mistura de rock, stoner, funk, blues, metal e muita boa disposição, arriscam-se, com uma boa probabilidade, a serem felizes.

A serem colocados no mapa com “Sleeping Volcanoes”, não escaparam ao olhar dos Pentagram, Karma To Burn ou Witch Mountain, com quem partilharam palcos, fruto da mistura explosiva que “On We Go” ou “I Miss The Sex” traziam. Agora, com “Get Out Of Your Mind”, é tempo de manter o balanço com mais uma mão-cheia de temas orelhudos, cantaroláveis e mais um par de títulos de faixas que demonstram uma enorme virtuosidade desta malta: “Namaste Dickhead” e “King Shit Of Fuck Mountain” num outro álbum qualquer seriam de franzir o sobrolho, mas destes camaradas já esperamos algo do género e sabemos que o baralho não está lá todo.

Descaradamente, somos confrontados com os Clutch, com os Queens Of The Stone Age de “Like Clockwork”, com a poeira dos Corrosion Of Conformity ou com a urgência dos Orange Goblin (ouça-se “How Low Can You Go” e ainda ficamos com um travo a Motörhead no ar…). É descaradamente, sem tretas, que ali por alturas do tema-título ficamos a pensar que Neil Fannon, Josh Homme e Pepper Keenan resolveram aparecer no estúdio e fazer das suas. Se o tivessem feito, só ajudaria este trabalho.

Oito temas de bater o pé, enérgicos quando têm de ser, pesados nos momentos certos, negros de quando em vez, comandados por Gary Harkin, abordando uma série de registos vocais tão díspares que chegamos a duvidar que seja sempre a mesma pessoa. Impressionante. Já não se via algo do género desde… Mike Patton!

Em pouco mais de 40 minutos, “Get Out Of Your Mind” coloca a fasquia mais alta ainda. Mostra uma criatividade muito boa, mas acima de tudo uma capacidade de manter as coisas frescas sem mexer muito numa fórmula que se revelou demolidora. O rock precisa, a tempos, de uns abanões, e este será, certamente, um desses momentos. Se Glastonbury, em 2019, colocou-os próximo do topo da montanha, imagine-se o que viria aí com este álbum.

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