“Enlightened in Eternity” é hino atrás de hino.

Editora: Century Media Records
Data de lançamento: 16.10.2020
Género: heavy/doom metal
Nota: 4/5

“Enlightened in Eternity” é hino atrás de hino.

A lançar discos recipientes de boas críticas desde 2016, Spirit Adrift está a implementar-se cada vez mais com grande preponderância. Ao quarto álbum, o projecto norte-americano está a começar a chamar a atenção da Europa com auxílio da Century Media Records e a novidade “Enlightened in Eternity” é, garantidamente, o melhor álbum de Nate Garrett (também dos Gatecreeper) enquanto heavy doomster.

Com uma infância complicada, rodeado de conservadores e cristãos, e com uma adolescência igualmente conturbada, com muito álcool ainda em idade prematura, Nate tem vindo a usar Spirit Adrift para mergulhar ainda mais na negritude da vida, mas parece que tudo está a mudar para melhor, a começar desde já com este “Enlightened in Eternity” – o título diz tudo!

Ao longo de 45 minutos vamos ser surpreendidos por um heavy/doom metal elegante, extremamente cativante e com uma luzinha ao fundo do túnel. E será que este último apontamento faz sentido quando falamos em doom? Maioritariamente pode não fazer, mas com Spirit Adrift faz! Claro que nem tudo é um mar de rosas, mas deixemo-nos ir na crista da boa onda surfada por Nate Garrett, com letras que versam sobre a descoberta pessoal rumo a uma vida melhor, sobre a iluminação das escuras profundezas onde os segredos são mantidos e sobre a perseverança de nunca duvidares daquilo que podes conseguir se te mantiveres livre.

No geral, o novo disco de Spirit Adrift é como se Angel Witch se juntasse a Black Sabbath (“Astral Levitation”), sempre com um toque de hard-rock norte-americano à espreita (“Screaming from Beyond”). Espectacularmente, cada faixa possui sempre pelo menos um riff ou um lead memorável extraído da criatividade de um Nate Garrett tocado por Midas – «All I want to be / One with everything», ouve-se em “Cosmic Conquest”, e por este andar o caminho está a ser feito a passos largos.

A um ritmo maioritariamente mid-tempo, o álbum tem um perfume de sedução (“Battle High”), mas também de óbvia condenação (“Reunited in the Void”), e não há ponta de aborrecimento – porém, de vez em quando é preciso abanar as coisas, certo? Por isso, entre riffs mais dedicados ao epic doom metal de uns Candlemass, Spirit Adrift também enquadra na sua música algumas secções mais cavalgantes a chamar a si um heavy metal emocionante e energético, mas tal é feito de forma breve de modo a não tornar a situação comum e repetitiva, mesmo a dizer que aquilo aconteceu ali porque tinha de ser, porque fazia sentido.

Em suma, Spirit Adrift é de audição obrigatória e este “Enlightened in Eternity” é hino atrás de hino. Se gostas de heavy/doom metal de primeira liga, então vais ter de ouvir isto urgentemente!