Tomi Mykkänen (Lowburn): «Começámos do zero no novo álbum, sem nada na gaveta»
Entrevistas 11 de Novembro, 2019 João Rolo


Enquanto os finlandeses Battlelore decidem abrandar o ritmo e interromper actividade, Tomi Mykkänen e Henkka Vahvanen retomam Lowburn, side-project de heavy fuzzrock e fusão stoner-doom, iniciado em 2013 com o EP “Soaring High”. O primeiro álbum, intitulado “Doomsayer” (2015), contou com a produção de Billy Anderson (Melvins, Sleep, Pailbearer), sucedendo-lhe um EP em 2018. Agora é a vez de “Phantasma”, que nos chamou à atenção por ser um álbum intrigante e de difícil catalogação, o tal fora-da-caixa que nos levou a querer saber mais sobre a sua génese.
Lappeenranta, a cidade finlandesa de onde são oriundos os Lowburn, encontra-se geograficamente mais próxima de S. Petersburgo na Rússia do que de Helsínquia, a capital finlandesa, e a Argonauta Records é uma editora independente, sediada em Génova (Itália), responsável pela edição dos Lowburn desde o primeiro EP até ao actual “Phantasma”. O que leva um músico com o perfil de Tomi Mykkänen, com o historial dos Battlelore, fundados em 1999, e cujo último álbum foi lançado na Napalm Records, a optar por uma pequena editora de Itália como a Argonauta? Será que o black metal apagou o stoner rock da Europa do Norte ou será que já não há mercado para a cena stoner rock nos países nórdicos? «No final dos 1990s e no início da década de 2000, a cena stoner rock foi dominada por bandas nórdicas, mas hoje em dia parece estar bem mais activa na Europa Central. Para além disso, aqui na Finlândia existe uma série de outras bandas no género, e uma boa parte delas (Lightsucker, Throes of Dawn, Void Cruiser), curiosamente, também está na Argonauta. Porque será…!» – adiantando que «actualmente o stoner rock está de novo em voga no underground: estão sempre a surgir novas banda; as mais antigas voltaram a lançar bons álbuns; há uma boa quantidade de festivais e digressões. Por isso, e apesar de isto não estar não estar fácil para os recém-chegados, faz todo o sentido mexermo-nos neste circuito».
Dada a preferência de Gero Lucisano, fundador da Argonauta, por tudo o que seja heavy rock desalinhado, podemos acrescentar que estes Lowburn são uma pedra de diamante neste catálogo. A Argonauta assinala, em 2019, dez anos de existência com quase uma centena de títulos editados. Pedimos a Tomi que nos revelasse como foi o processo de evolução dos Lowburn: «Quando gravámos o primeiro álbum, a ideia era definitivamente fazer um álbum de rock stoner e, a partir daí, os temas de “Doomsayer” foram surgindo de forma descontraída. Só que no final da gravação, ao ouvirmos os temas, percebemos que não conseguíamos deixar de evidenciar as nossas raízes metal, e que tínhamos um álbum com uma sonoridade mais metal do que rock! Logo a seguir, a crítica disse que éramos incoerentes e que passamos de estilo para estilo de tema para tema.» Por isso, quando começaram a trabalhar nos temas do novo álbum, decidiram apontar na incoerência como fórmula, e foram para estúdio descomprometidamente, marimbando-se para as considerações de estilo. Tomi avança: «Começámos do zero no novo álbum, sem nada na gaveta, nem nada de sobras do “Doomsayer”. Entrámos totalmente numa nova etapa. Com as alterações no nosso line-up também passei a ter a responsabilidade em exclusivo sobre a composição, e assim fui desenvolvendo os temas à medida que fomos gravando, cada vez mais envolvido com as novas canções. Posso dizer que “Phantasma” resultou num álbum muito diversificado sem deixar de ser coerente e supera o anterior. Mas isto não foi só rockar à toa para fazer barulho – desta vez tivemos outros cuidados na produção e os temas escondem pormenores que tornam este disco muito apetecível e adocicado para a tribo de stoner-heads.»
A finalizar a entrevista, Tomi confidenciou-nos ainda estar cheio de ideias e a atravessar uma fase muito criativa e produtiva – «já tenho pelo menos umas quarenta e cinco ideias para novas canções» – para acabar com o historial de incoerência da banda num próximo álbum. Por agora só quer levar o “Phantasma” a rodar na estrada. Se assim for, os Lowburn vão estar aí para durar até nova reencarnação.

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