Gorgoroth “Pentagram”: ardor funesto
Artigos 12 de Outubro, 2019 Diogo Ferreira


Gorgoroth não só é um dos locais mais perigosos do universo de JRR Tolkien como também é o nome de uma das bandas mais infames da Noruega.
Fundados em 1992 pelo guitarrista Infernus, os Gorgoroth nunca foram muito dados à luz dos holofotes, pelo menos até à altura em que a banda parecia ser dominada por Gaahl (voz) e King ov Hell (baixo) entre 1998 e 2007. Mas isso é outra história…
Praticantes do chamado true norwegian black metal, o grande lance de mestria musical e estético dá-se em 1997 com “Under the Sign of Hell”, mas até aí chegarmos ficam para trás discos como “Antichrist” (1996) e “Pentagram” (1994), este último que é, portanto, o primeiro longa-duração dos nórdicos.
Andando ainda um pouco mais para trás, em 1993 lançam a primeira demo “A Sorcery Written in Blood”, que fora alvo da imprensa local devido ao simbolismo satânico, criando-se mesmo um alarme social entre pais. De facto, viviam-se anos de amedrontamento na Noruega com todas aquelas igrejas incendiadas, suicídios e homicídios. Tal acontecimento acabou por funcionar como publicidade grátis para a banda de Infernus que acabaria por assinar pela Embassy Productions e lançar “Pentagram” a 12 de Outubro de 1994.
Com um line-up composto oficialmente por Infernus e Hat (vocalista entre 1992 e 1995), “Pentagram” conta ainda com a participação de Samoth (Emperor) no baixo e, posteriormente ao vivo, de Frost (Satyricon) na bateria.
Musicalmente, “Pentagram” bebe muito do heavy metal clássico dos anos 1980, como é exemplo o início da inaugural “Begravelsesnatt”, mas depressa se incorporam elementos de punk e, claro, de um black metal (ouvir a instrumental “Huldrelokk”) que estava a explodir naquela primeira metade da década de 1990, fazendo com que não fiquemos surpreendidos se ao longo do disco ouvirmos semelhanças a Darkthrone e Mayhem – afinal de contas estavam todos a rumar para o mesmo destino e com as mesmas influências. Por seu lado, faixas como “Crushing the Scepter (Regaining a Lost Dominion)” demonstram um Hat irreverente e feroz numa das suas interpretações icónicas e que lhe dão então, e para muitos fãs, o estatuto de melhor vocalista de Gorgoroth, tendo em conta que pela banda passaram outras vozes como Pest e Gaahl.
Décadas volvidas, é crível que “Pentagram” não seja um dos álbuns mais recordados e com maior património – afinal estamos a falar do ano em que saiu “De Mysteriis Dom Sathanas” (Mayhem), “Transilvanian Hunger” (Darkthrone) e “In the Nightside Eclipse” (Emperor) –; porém, é, na verdade, o ponto de partida para uma carreira que se mantém viva, mas algo solitária, muitas vezes longe da ribalta e que saltou para os escaparates do mainstream metal muito à custa do push que Gaahl e King ov Hell pretendiam dar aos Gorgoroth.
Os anos seguintes, com o já referido “Under the Sign of Hell” (1997), “Incipit Satan” (2000) e o pecaminoso DVD “Black Mass Kraków 2004” (2008), colocariam definitivamente os Gorgoroth no top das bandas de black metal mais enigmáticas, respeitadas e até receadas.

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