Ao seu oitavo disco, os alemães Eden Weint Im Grab apanham o ouvinte menos prevenido de surpresa com uma mescla de metal, dark wave...

Origem: Alemanha
Género: dark metal
Último lançamento: “Tragikomödien aus dem Mordarchiv” (2019)
Editora: Einheit Produktionen SB
Links: Facebook | Bandcamp
Entrevista e review: João Correia

Ao seu oitavo disco, os alemães Eden Weint Im Grab apanham o ouvinte menos prevenido de surpresa com uma mescla de metal, dark wave e gótico de assinatura.

“Com “Tragikomödien aus dem Mordarchiv”, queríamos enfatizar ainda mais o lado pesado da nossa música e é por isso que é um dos nossos álbuns mais complexos.”

Romantismo: «Sim, sempre tivemos uma certa ligação com a era romântica. Chamamos -lhe romantismo gótico, porque sempre incluímos temas sobre morte, filosofia e horror. Eu vejo os Eden Weint Im Grab um pouco como uma encenação sombria. Nos Eden Weint Im Grab, nós, como protagonistas, assumimos papeis que nada têm a ver com as nossas vidas privadas – de certo modo, somos actores numa peça. Podem chamar-lhe gothic metal e provavelmente é verdade, embora pessoalmente não goste muito do termo gothic, porque evoca muitas associações que considero negativas. Para mim, é dark metal com letras alemãs poéticas. Mas é claro que temos muitos fãs góticos e metaleiros. Com “Tragikomödien aus dem Mordarchiv”, queríamos enfatizar ainda mais o lado pesado da nossa música e é por isso que é um dos nossos álbuns mais complexos. Em contraste com o último álbum “Na(c)htodreise”, há momentos menos calmos e as músicas são produzidas de maneira mais directa, concisa e moderna.»

Caminho: «Este é o nosso oitavo álbum e não tentamos copiar ninguém, mas fazemos as nossas próprias coisas e acho que os Eden Weint Im Grab tem um som próprio autossustentável. O gosto musical dentro da banda é muito amplo e vai muito além do metal e do gótico. Acho que essa também é uma razão pela qual é possível ouvir influências incomuns na nossa música.»

Conceito: «Trata-se de um álbum conceitual sobre assassinatos. Analisámos vários casos de assassinatos históricos e imaginários do século XVIII até à actualidade e contamos essas histórias com o humor típico dos Eden Weint Im Grab, pois é sempre um pouco irónico. Depois de alguns álbuns que tratavam de temas como a vida depois da morte e fantasmas, estávamos à procura de um novo conjunto de temas que se encaixassem bem com a nossa arte sombria e mórbida e foi então que nos ocorreu falar sobre assassinatos. No entanto, não glorificamos o assassinato, mas garantimos, através de diferentes níveis nas histórias, que todos os ouvintes podem encontrar a sua própria interpretação. Os casos históricos analisados incluem os de Jack, O Estripador, William Palmer e Martin Dumollarde. Além disso, há histórias literárias como “Os Crimes da Rua Morgue”, de Edgar Allan Poe, ou o caso do advogado de Nova York David Buckel, que se incendiou num parque em 2018 para protestar contra a exploração da natureza pelo homem. É uma mistura negra e colorida, parece-me. Podem conferi-la no Spotify, Bandcamp e noutros canais.»

Review: “Tragikomödien aus dem Mordarchiv” tem os ingredientes necessários para atentarmos aos Eden Weint Im Grab: estruturas pesadas, letras muito negras e uma clara necessidade de se distanciarem de clichés e de momentos previsíveis. A mistura de metal, música gótica e dark wave poderia entrar facilmente no corredor do dejá vu, não fosse o facto de estes alemães utilizarem sons atípicos, bem como alguns instrumentos que enriquecem a mistura e a tornam mais exótica. Tomemos a título de exemplo “Sound Track Für Den Massenmord”, que mistura pesadas linhas de metal, ambientes góticos e sonoridades inortodoxas. Tudo junto, isto é Eden Weint Im Grab, uma banda capaz de agradar tanto a fãs de Rammstein, como de Lacrimosa.