Death “Spiritual Healing”: traição e renovação
Artigos 16 de Fevereiro, 2020 Diogo Ferreira

Num ano conturbado mas também pleno de novas ideias, a 16 de Fevereiro de 1990 era lançado “Spiritual Healing”, o terceiro álbum dos Death. Mas vamos por partes.
Reza a história que Chuck Schuldiner mostrou-se contra uma futura digressão, alegando que esta estava mal organizada e receando também que corresse tão mal como a predecessora europeia de 1988. Esta decisão não travou Bill Andrews (bateria) e Terry Butler (baixo) que partiram para o Velho Continente como Death para realizar as obrigações contratuais da banda. Para tal, tiveram que recrutar substitutos – algo impensável nos dias de hoje se tivermos, e temos, em conta o peso histórico de Schuldiner. Assim, Walter Trachsler e Louie Carrisalez, ambos de Devastation, fizeram a vez de quem ficou para trás, levando Schuldiner a um choque equiparado a nojo que culminou numa acção legal que fez com que Andrews e Butler fossem despedidos do grupo.
Todavia, o mais importante é, de facto, o próprio “Spiritual Healing” que introduzia ao mundo do metal uns Death renovados em termos sonoros e líricos.
Para trás tinham ficado os discos “Scream Bloody Gore” (1987) e “Leprosy” (1988) que, incontestáveis no lugar importante que têm, significam realmente o passado, pelo menos na visão de Chuck Schuldiner. Assim, o norte-americano usou “Spiritual Healing” para tornar mais amplas ideias pouco comuns no panorama do death metal. Por outras palavras, os conceitos horroríficos e sanguinários davam lugar à crítica social que incluía em si temáticas particulares sobre droga, aborto, genética e evangelização televisionada, uma concepção muito bem representada na capa elaborada por Ed Repka.
“Spiritual Healing” introduzia ao mundo do metal uns Death renovados em termos sonoros e líricos.
Ao nível sonoro, em “Spiritual Healing” optou-se por um andamento ainda mais mid-tempo do que o ouvido em “Leprosy”, o que originou mais detalhe auditivo e a capacidade para se inserirem leads mais melódicos, destacando-se temas como “Living Monstrosity”, “Altering the Future”, “Low Life” e a faixa-título.
Todavia, nem mesmo uma banda como Death obtém unanimidade. Se por um lado há quem identifique “Spiritual Healing” como magistral (muito à custa das combinações letais entre guitarra e baixo) e como o grande ponto de viragem na abordagem sónica e conceptual, por outro há quem opte por dizer que este terceiro longa-duração dos norte-americanos peca pela falta de substância (seja lá o que isso for) e pela inclusão de malhas que soam a filler, fazendo com que não seja um trabalho assim tão preponderante na carreira dos Death.
Assim, e com muitas opiniões a afirmarem que “Spiritual Healing” foi um passo atrás em relação a “Leprosy”, muitos críticos e fãs não estavam em total condição para verificarem – porque não se pode prever o futuro -, que, naquele ano de 1990, os Death estavam a evoluir para aquilo que seria “Human” em 1991.

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