Uma power trip tão galvanizadora e fascinante quanto a temática da ressurreição, reencarnação e imortalidade, inscrita na lápide: “Where Death Lies”.

Editora: Season Of Mist
Data de lançamento: 18.09.2020
Género: death metal
Nota: 4/5

Uma power trip tão galvanizadora e fascinante quanto a temática da ressurreição, reencarnação e imortalidade inscrita na lápide: “Where Death Lies”.

“Where Death Lies” é um álbum que escapa à estagnação e à morte anunciada do death metal. Os novos inéditos dos Carnation funcionam como um veículo todo-o-terreno na linha da frente do metal da morte, com uma abordagem directa e abrangente enraizada na velha-escola do género. Sem merdas. Ao segundo álbum, o quinteto belga liderado pelo guitarrista Jonathan Verstrepen aponta as baterias e toda a rifforama na direcção do género que veio para dominar a indústria metalomecânica da música pesada nas décadas de 1980 e 1990. Sem se aventurar por aí além, mas cumprindo todos os preceitos old-school como manda a lei, “Where Death Lies” está na colheita do revivalismo do ano entre os melhores. «Death is not dead» é uma boca fácil que serve para traduzir assertivamente o último trabalho do grupo composto ainda por Simon Duson (voz), Bert Vervoort (guitarra), Yarne Heylen (baixo) e Vincent Verstrepen (bateria).

Esta gravação surge no seguimento do EP “Cemetery of The Insane” (2015) e do álbum ao vivo no Japão, “Live at Asakusa Deathfest” (2017), após o qual se deu a contratação pela Season of Mist, em 2018, para a edição de “Chapel of Abhorrence”. Apesar da curta discografia, a banda já passou pela montra de festivais como o 70.000 Tons of Metal, Alcatraz (BE) e Damnation Festival (UK), numa digressão pelo Brasil, na primeira parte de Pestilence, e numa digressão japonesa da qual resultou o referido live. A alquimia de “Where Death Lies”, com o toque de Midas de Jens Bogren (Sepultura, Enslaved, Arch Enemy) na masterização, resulta então da rodagem de estrada mais do que de experiências em estúdio.

A punição começa com mão de ferro: “Iron Discipline” desvenda o rugido infernal de Simon Duson em sobreposição ao batimento taquicardíaco dos pedais e baquetas de Vincent Verstrepen. O arranque ultra-rápido e agressivo dá lugar a uma outra cadência menos intensa, com guturais limpos e ferozes, riffs upbeat, groove borrachudo e ganchos melódicos, características que melhor definem o metal acutilante dos belgas com nome de cravo. Os dois temas que se seguem, “Sepulcher of Alteration” e “Where Death Lies”, partilham do mesmo composto harmónico – enquanto o primeiro é mais melódico, o último abre fogo de rajada, mantendo ambos a elasticidade groove. “Spirit Excision” e “Serpent´s Breath” são dois dos melhores temas desta gravação, numa criativa demonstração de equilíbrio entre força e velocidade, sujidade e melodia, com um balanço emocionalmente apelativo. “Reincarnation” e “In Chasms Abysmal” são duas faixas na última parte do álbum que atestam pela diversificação, e que, opostamente às tendências mais convencionais de temas como “Napalm Ascension” e “Malformed Regrowth”, refreiam a pedalada para explorar atmosferas fúnebres e outras sombras góticas sublinhadas com a pujança e coesão que fazem a sua imagem de marca.

O resultado geral é uma power trip tão galvanizadora e fascinante quanto a temática da ressurreição, reencarnação e imortalidade inscrita na lápide: “Where Death Lies”.