Beaten To Death: triturações melódicas
Subsolo 7 de Fevereiro, 2020 João Correia
Origem: Noruega
Género: grindcore
Último lançamento: “Agronomicon” (2018)
Editora: Mas-Kina Recordings
Links: Facebook | Bandcamp
Entrevista e review: João Correia
Grindcore melódico?! Sim, existe, e a prova disso reside nos noruegueses Beaten To Death, que se propõem a complicar um estilo já por sim bastante complexo.
“Com este disco, sentimo-nos como uma banda de prog rock a lançar um álbum duplo.”
O que esperar: «O nosso último álbum, “Agronomicon”, foi lançado há cerca de um ano (véspera de Natal de 2018) e, na semana passada, gravámos todos os instrumentos para o nosso próximo disco, logo, tentamos manter-nos ocupados. O nosso objectivo com o próximo trabalho é o mesmo que sempre tivemos com os anteriores: criar músicas que não nos aborrecem, mas que fazem as pessoas quererem dançar e rir. A diferença desta vez é que o álbum é, pelo menos nas nossas mentes, muito, muito comprido! Ele tem mais de 25 minutos, o que é a maior peça musical que alguma vez lançámos. Com este disco, sentimo-nos como uma banda de prog rock a lançar um álbum duplo. Isso deixa-nos um pouco ansiosos. As pessoas vão querer ouvir-nos durante mais de 20 minutos? Pessoas que nunca nos ouviram antes podem esperar ouvir uma banda que pratica música baseada em grindcore, mas sem limitações aparentes quando se trata de estilos. Enquanto as nossas músicas são focadas em blastbeats e vozes bastante histéricas, a música em si emprega influências de todos os cantos do metal, indie rock, punk e pop. »
Conceito: «Sonhamos há anos com um álbum conceitual, mas acho que não temos paciência ou atenção para fazê-lo e é por isso que estamos tão confortáveis no formato grindcore: músicas curtas e rápidas com pouca repetição possível. Nunca conseguimos ficar com o mesmo pensamento durante muito tempo. Liricamente, sempre nos apoiámos fortemente em apontar o dedo no espelho às nossas próprias vidas tristes, patéticas, pequenas, às nossas lutas diárias. Para mantermos as nossas credenciais do grindcore em dia, também lidamos um pouco com conflitos internacionais, ganância, fome, política e alterações climáticas neste álbum. A mensagem lírica é sempre secundária para nós, porque quem somos nós para te dizer como deves pensar? Acho que as pessoas deveriam ouvir os nossos discos enquanto lêem Vandana Shiva e Rebecca Solnit. Dessa forma, podem ouvir a música agressiva enquanto obtêm informações intelectuais de alguém muito mais eloquente e inteligente do que nós.»
Influências: «Começámos como uma banda do grindcore tradicional no nosso disco de estreia. De repente, mudámos de direcção e começámos a soar a nós próprios a partir do nosso segundo disco. Foi quando decidimos tentar usar o mínimo de distorção possível nas nossas guitarras e ser mais imediatos com a escrita e a gravação, tentando ao mesmo tempo não ser trendy, fashion, trve ou demsiado metal, mas sempre a soar a uma banda de grindcore, se é que faz sentido.
As referências musicais dependem de a quem perguntas na banda, já que não temos muitas referências comuns em que todos podemos convergir, mas é claro que há muito death metal e grindcore oldschool da década de 90, pois todos nós crescemos com uma dieta constante desses estilos. Mas, só para teres uma ideia da música que me inspira, aqui estão alguns discos que me mantêm à tona:
Takafumi Matsubara – “Strange, Beautiful and Fast”
Cloud Rat – “Pollinator”
Pissgrave – “Posthumous Humiliation”
Botanist – “Ecosystem”
ZZ Top – “Tres Hombres”
Arthur Russel – “Calling Out Of Context”»
Review: De Oslo chega-nos a proposta no mínimo interessante dos Beaten To Death, quinteto de grindcore/death metal que ainda consegue imprimir uma certa atitude black metal ao já calamitoso som que debita. Juntemos a isto influências inegáveis do humor retorcido dos Anal Cunt e temos um claro vencendor. “Don’t You Dare To Call Us Heavy Metal” é o perfeito exemplo disso – um tema com menos de dois minutos que ainda consegue incluir acordes claros de post metal/prog. Noruega: a espantar pessoas desde 1990.

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