Ao décimo segundo álbum, os Accuser não surpreendem nem desiludem. Os veteranos da velha-escola alemã apresentam um álbum bastante homogéneo para os amantes do...

Editora: Metal Blade
Data de lançamento: 13.11.2020
Género: thrash metal
Nota: 2.5/5

Ao décimo segundo álbum, os Accuser não surpreendem nem desiludem. Os veteranos da velha-escola alemã apresentam um álbum bastante homogéneo para os amantes do thrash & heavy melódico, groovy e convencional.

O novo dos Accuser assinala mais um regresso das bandas de thrash metal que surgiram por meados dos anos 1980. Apesar deste subgénero ter tido origem nas derivações que resultaram na apropriação da sonoridade construída por bandas como Diamond Head, Venom, Motörhead ou Discharge, um pouco por todo o mundo, o circuito britânico apenas tinha aberto o caminho para o domínio dos norte-americanos Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax ou Testament, Overkill e Exodus em segunda linha, e para os alemães Kreator, Sodom ou Tankard. Os Accuser são dessa mesma geração de bandas alemãs que vem resistindo à sombra, e à margem dos gigantes. O álbum homónimo é o décimo segundo numa discografia considerável.

O som áspero e abastardado do thrash alemão não deixam de marcar presença no álbum mais recente dos veteranos Accuser, no entanto falta aqui muito daquele rigor germânico, daquela mecânica infalível. Dada a facilidade com que se detectam falhas graves ao nível da produção, seria muito fácil apontar o dedo a problemas que nem a masterização entregue a um profissional tão experiente quanto Dan Swäno conseguiu emendar. Percebe-se a falta de ideias, sobretudo nas vocalizações de Frank Thoms, em perseguição constante a James Hetfield, de dinâmica e de frescura. Aqualidade da mistura prejudica substancialmente o resultado final.

Da bateria de Olli Fechner só se ouve o bombo, o som da tarola está demasiado abafado e mal se distingue, enquanto o som dos pratos, péssimo, é um ruído de fundo indefinido e contínuo. Dá-se um protagonismo exagerado à voz, muitas vezes num registo monótono e repetitivo. A nota agradável é por vezes soar a Lemmy Kilminster, e aí o resultado melhora. O mesmo protagonismo é dado aos leads de guitarra, que não são maus mas destoam com volume exagerado, talvez na ânsia de dar as boas-vindas ao regressado guitarrista René. O problema está novamente na mistura e equalização. Sente-se a presença e importância do baixo nas composições, mas só se percebe ao de leve e esporadicamente, o que é pena num álbum com tanto groove.

A estrutura dos temas, muito iguais entre si, permite um alinhamento muito homogéneo, mas por outro lado torna-se repetitivo. Apesar da origem teutónica, os Accuser demonstram neste álbum uma admiração maior pelas bandas de thrash norte-americanas. No meio deste emaranhado redundante destacam-se as três primeiras faixas (“Misled Obedience”, “Phantom Graves” e “Temple of All”) enquanto ainda estamos frescos. “Lux in Tenebris”, “Rethink” e ”Psychocision”, a meio do álbum, são moenga. “Contamination”, “Eliminator”, a cover de Agnostic Front, “Seven Lives”, e “A Cycle’s End” encerram o ciclo e cumprem mais do mesmo. “Be None the Wiser”, uma balada descaradamente à Metallica encaixada a meio do álbum, é o melhor/pior exemplo da falta de novas ideias.

Ao décimo segundo álbum, os Accuser não surpreendem nem desiludem. Os veteranos da velha-escola alemã apresentam um álbum bastante homogéneo para os amantes do thrash & heavy melódico, groovy e convencional.

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