Segmentos inspirados em neoclássico, riffs cortantes e afiados, vozes angustiadas e angustiantes, alguns arranjos provenientes de sintetizador que geram mais corpo...

Editora: Debemur Morti Productions
Data de lançamento: 26.03.2021
Género: black metal
Nota: 4.5/5

Segmentos inspirados em neoclássico, riffs cortantes e afiados, vozes angustiadas e angustiantes, alguns arranjos provenientes de sintetizador que geram mais corpo e uma bateria tão intensa quanto precisa.

Suíça é sinónimo de Hellhammer, Celtic Frost e Samael. Porém, ao longo dos anos que se seguiram, surgiram mais projectos interessantes, ainda que inseridos em camadas mais profundas, como Darkspace e Paysage d’Hiver, nos campos do black metal atmosférico.

Mais recentemente, formados em 2018, os Aara, com o seu black metal veloz e melodioso, começaram a dar nas vistas e foram quase imediatamente abraçados pela sempre prolífera Debemur Morti Productions, avançando agora para o terceiro álbum “Triade I: Eos”.

Arrebatados pelo ímpeto, puseram mãos à obra e esta é a primeira parte de uma trilogia inspirada no livro “Melmoth the Wanderer” assinado pelo irlandês Charles Robert Maturin em 1820, uma espécie de “Faust” de Goethe.

Álbum denso e repleto duma sumptuosidade melódica, as guitarras omnipresentes criam ambiências de sedução, nostalgia e triunfo, tudo numa coloração sónica que revela segredos sobre esoterismo, ocultismo, religião e ateísmo. Por mais épico que seja – o que nem sempre significa luz na sua plenitude –, o disco oferece também uma ferocidade elucidada sobre aquilo que deve ser black metal, mesmo o mais melódico, com tudo a ser ornamentado por segmentos inspirados em neoclássico, riffs cortantes e afiados, vozes angustiadas e angustiantes, alguns arranjos provenientes de sintetizador que geram mais corpo e uma bateria tão intensa quanto precisa.

O ano de 2020 foi muitíssimo bom no que ao black metal atmosférico e contemporâneo diz respeito (se nos lembrarmos de Porta Nigra, Regarde les Hommes Tomber e Sunken), e os Aara não querem ser esquecidos quando reflectirmos musicalmente sobre estes anos de pandemia. Por isso, garantimos que “Triade I: Eos” é uma vitória, uma conquista que não deixa dúvidas, um projecto ainda com muito para dar, até porque esta é só a primeira parte de três… Aguardemos com expectativa enquanto ouvimos repetidamente este marco do black metal atmosférico e melódico sacado em 2021.