Em mais um álbum de grande qualidade, os Wolfheart provam que o rótulo winter metal nunca fez tanto sentido como agora.

Editora: Napalm Records
Data de lançamento: 10.04.2020
Género: melodic death metal
Nota: 4/5

Em mais um álbum de grande qualidade, os Wolfheart provam que o rótulo winter metal nunca fez tanto sentido como agora.

Com álbuns lançados a cada dois anos, os Wolfheart têm em “Wolves Of Karelia” o seu empreendimento conceptual mais arrojado de uma carreira iniciada em 2013. Liderados por Tuomas Saukkonen, com este disco os finlandeses descrevem a Guerra de Inverno, que opôs Finlândia e União Soviética entre Novembro de 1939 e Março de 1940. Num dos momentos pivotais do início da II Guerra Mundial tantas vezes esquecido, a Finlândia manteve a sua independência.

Agora, passados cerca de 80 anos, os Wolfheart compõem um álbum muito rico, tanto na forma directa e sem rodeios com que apresentam as letras como sonicamente, sendo o trabalho mais épico e agressivo do grupo até à data.

A inaugural “Hail Of Steel” é uma música típica de Wolfheart, mas começa-se já a ouvir a orquestração que será proeminente e destacada ao longo de todo o álbum, como a banda nunca antes fez, havendo um duelo eficaz e cativante entre esses arranjos e as guitarras. Por sua vez, na terceira “Reaper” começam a surgir os riffs mais complexos, algo que, à semelhança da orquestra, está mais presente neste disco do que nos anteriores.

O teor belicoso a nível sonoro acontece mais descaradamente em “The Hammer” através de mais um jogo entre orquestrações e guitarras que, pensando na Guerra de Inverno, nos remete para corridas corajosas entre altas árvores e neve que nos atola aflitivamente enquanto se ouve o silvo de uma bala a passar a poucos centímetros do ouvido. Em suma, esta faixa é uma das mais visuais e violentas, sem nunca se perder um certo sentido melódico à Wolfheart, e surpreende também pelo contraste final ao sabor da guitarra acústica, piano e violoncelo.

E se achas que está a faltar referir aqui um certo ingrediente tão habitual em Wolfheart, aquela melancolia, quase doom metal, tão inerente ao som dos finlandeses surge finalmente em “Born From Fire” e “Arrows Of Chaos”, sendo necessário fazer-se a observação de que uma sensação de desgosto continua a persistir neste novo álbum, mas, em vez de triste, apresenta uma abordagem mais fria e furiosa. “Ashes” segue a mesma toada das duas faixas anteriores, mas soa mais a Wolfheart pesaroso e mid-tempo do que enraivecido e veloz, finalizando o disco com chave de ouro através de uma sonoridade tão reconhecível e inigualável.

Em mais um álbum de grande qualidade, os Wolfheart provam que o rótulo winter metal nunca fez tanto sentido como agora com “Wolves Of Karelia”.