Vader “Thy Messenger” EP
Reviews 31 de Maio, 2019 João Correia
Editora: Nuclear Blast
Data de lançamento: 31.05.2019
Género: death/thrash metal
Nota: 3.5/5
Os Vader aligeiraram um pouco o seu som a começar em “Tibi et Igni” (2014), disco em que trocaram a brutalidade e a complexidade técnica pelas quais eram sobejamente conhecidos em favor de uma vertente mais groovy e orelhuda, muito como os Decapitated fizeram em anos recentes e ainda que não de forma tão flagrante. Daí em diante, mantiveram uma mistura dos elementos clássicos da banda com um som mais fácil de agradar a uma fatia de público mais abrangente, uma vez mais como os Decapitated, mas sem se perderem por estradas demasiado estreitas de onde não pudessem inverter a marcha no futuro.
“Thy Messenger” quebra um pouco a tendência inicial da banda com um som mais ameno e menos profano de forma bastante inteligente quando nos apresenta os gloriosos Vader de antigamente, sim, mas com um aprimoramento sonoro adequado ao presente; ou seja, mantêm o espírito original que os fez sobressair entre um oceano de bandas de death metal e limaram as devidas arestas para poderem continuar a agradar a gregos e troianos. E será muito fácil conquistarem novos fãs ao mesmo tempo que salvaguardam os antigos devido a uma escolha simples, mas difícil de concretizar. Prova disso é “Grand Deceiver”, tema inicial deste EP, que nos transporta até “Welcome To The Morbid Reich”, onde abunda a brutalidade desmedida e a técnica asfixiante de Piotr Wiwczarek e que foi o disco do adeus à fórmula quase estática dos Vader. Este é sucedido por “Litany”, um tema que, este sim, faz jus ao som moderno dos polacos, com vocais mais perceptíveis, riffs de guitarra menos complexos e mais viciantes e letras simples, mas que entram e já não saem (ouça-se a linha inicial, “Fury, hatred, bondage, pain / Anger, blindness, boredom, strain”, que certamente levará o público a entoá-la em uníssono ao vivo) e um solo caótico mas melódico – tudo sinónimos dos novos Vader.
“Emptiness” vem a seguir e repete a fórmula da primeira faixa, apontando para meados da carreira dos Vader, entre “The Beast” e “Impressions In Blood”, mas mais leniente, menos rápida e agressiva em comparação a esses registos. Mesmo o solo assemelha-se mais a um trabalho extraído de um qualquer herói da guitarra do que a um guitarrista furioso de uma banda de blackened death metal. Conceito musical este, aliás, que ficou para trás na carreira da banda, o que por um lado explica a maior facilidade com que se ouve um trabalho actual de Vader. Porém, a penúltima “Despair” parece contrariar tudo o que foi dito na frase anterior, adentrando a banda por uma caverna escura para realizar um ritual satânico, ao estilo dos bons velhos tempos, com velocidade, fúria e brutalidade. Lamentavelmente, é um ritual de 1 minuto e 18 segundos, pouco mais do que uma intro comprida, o que deixa um certo amargo na boca. Para finalizar, uma versão de “Steeler”, original de Judas Priest, é bem interpretada e exibe-nos um Piotr com uma voz practicamente limpa, afinada e adequada. Bem vistas as coisas, é um tema que se enquadra perfeitamente no conceito dos novos Vader. A produção está um pouco mais alta ou mais baixa do que em registos anteriores; ou seja, à altura perfeita e de um rigor técnico inexcedível. Por outro lado, os Vader acompanharam os sinais do tempo e apresentam faixas curtas até cerca dos três minutos, o que é uma forma bastante moderna de não cansar tanto o ouvinte mais experiente como o menos conhecedor da banda, matando dois coelhos com uma cajadada. Em 2019, e devido ao rico (mas repetitivo) historial da banda, talvez esperássemos menos dos Vader, mas conseguem cumprir sem espantarem, conseguem permanecer na primeira liga do género sem se valerem apenas das lendas do seu passado, mas também de forma relativamente conservadora para manter os sócios, velhos e novos, cativados a regressarem ao estádio de cada vez que o colectivo joga. Se o novo disco apresentar esta banda em todo o seu comprimento, podemos ficar descansados. No entanto, quatro músicas que beiram os 14 minutos na sua totalidade, e mesmo contando com a versão francamente agradável, não são suficientes para termos noção do que está para vir – sabemos que será bom, resta saber quão bom.

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