BehemothDepois de Nergal ter recuperado da leucemia que o atormentou em 2010, “The Satanist” (2014) foi o ponto de viragem na...

Behemoth
Depois de Nergal ter recuperado da leucemia que o atormentou em 2010, “The Satanist” (2014) foi o ponto de viragem na carreira dos Behemoth. Por cá desde 1991, os polacos evoluíram do black metal para o blackened death metal tão prolífico naquele país com álbuns como “Demigod” (2004) e “The Apostasy” (2007). Todavia, seria a doença de Nergal que faria toda a diferença. Com “The Satanist”, os Behemoth enveredaram por um caminho musical mais maduro, com atmosfera como principal factor, e por trilhos conceptuais mais filosóficos, místicos e detalhados, sempre com o dedo apontado às organizações religiosas, o que levou a banda a tribunal várias vezes. Lucifer e toda a sua luz messiânica tornavam-se definitivamente o centro do universo de Nergal. Os conceitos elitistas, tanto sonoros como líricos, continuaram em “I Loved You at Your Darkest”, o mais recente álbum lançado em 2018, numa missa satânica do princípio ao fim, uma experiência de ténue segurança e luminosidade em algumas orações que depressa se transformam em ferocidade black/death metal, havendo ainda espaço para novos pormenores, como por exemplo um solo mais rock em “Sabbath Master” e uma interessante subversão do Pai Nosso em “Havohej Pantocrator”. [Diogo Ferreira]

Lançamento mais recente: “I Loved You at Your Darkest” (2018)
Lançamentos mais relevantes: “Demigod” (2004), “The Apostasy” (2007), “The Satanist” (2014)

Vader
Fundados na primeira metade da década de 1980, os Vader aguardaram até 1992 para se estrearem nos discos com “The Ultimate Incantation”, um registo que seguiria as pisadas dos seus companheiros de armas Deicide ou Cannibal Corpse, mas que distinguir-se-ia pela sua capacidade criativa e de execução, prenunciando uma longa carreira em que seriam muitas vezes imitados mas raramente igualados. Com a regravação de temas antigos em “Dark Age” (2017), provariam ao mundo que estiveram sempre à frente do seu tempo, com faixas do disco de estreia a manterem-se relevantes na sua nova roupagem. Na viragem do século, os polacos resistiam à crescente popularidade do nu-metal e lançavam “Litany” (2000), um disco que se tornaria numa marca de confiança no universo da banda e do death metal, tendo como principais aliados uma velocidade destruidora e uma produção ao nível de uma banda tão brutal quanto os Vader. Sem dar sinais de abrandar, a banda de Piotr Paweł Wiwczarek consegue ultrapassar a perda do baterista Krzysztof “Doc” Raczkowski, que falece em 2005, continuando a exercer domínio no panorama da música extrema durante os anos que se seguiram e até à actualidade, com discos como “Impressions in Blood” (2006) ou “Welcome to the Morbid Reich” (2011) a dar seguimento a uma jornada de assalto sonoro sem fim à vista. [Joel Costa]

Lançamento mais recente: “Thy Messenger” EP (2019)
Lançamentos mais relevantes: “De Profundis” (1995), “Litany” (2000), “Welcome to the Morbid Reich” (2011)

Decapitated
Criadores de dois marcos do death metal no amanhecer do Séc. XXI [“Winds of Creation” (2000) e “Nihility” (2002)], o futuro dos polacos parecia risonho e sem dificuldades. Em Outubro de 2007, na Bielorrússia, Vitek (baterista e irmão do guitarrista Vogg) morre na sequência de um acidente entre o tour-bus e um camião. Tal acontecimento ditaria um hiato de dois anos que viria a ser completamente ultrapassado com “Carnival Is Forever” (2011). “Blood Mantra” (2014) e “Anticult” (2017) colocavam a banda em posições de relevo mundial, levando o grupo até território norte-americano onde mais um percalço se apodera das suas vidas. Em Setembro de 2017 eram detidos sob acusação de violação. Presos durante 96 dias, com diferentes acusações mas todas relacionadas ao mesmo processo, os polacos viriam a ser ilibados. «Estamos inocentes. Estamos livres. Estamos de volta a casa. E estamos prontos para regressar com a banda.», é o que se pode ler no comunicado proferido em Março de 2018. Os Decapitated actuaram no Moita Metal Fest 2019. [Diogo Ferreira]

Lançamento mais recente: “Anticult” (2017)
Lançamentos mais relevantes: “Winds of Creation” (2000), “Nihility” (2002)

Hate
Contemporâneos directos de Behemoth, os Hate são conhecidos pela coesão e eficiência da sua sonoridade death metal que muito bebe do black metal. Mais uma banda extrema que exemplifica bem o que se faz ao mais alto nível na Polónia, os Hate têm em “Auric Gates of Veles” o décimo primeiro álbum que, no seguimento de “Tremendum” (2017), explora o misticismo eslavo. São para uma franja de metaleiros melhores do que Behemoth pelo simples facto de não perseguirem tanto o estrelato e a fama, o que auxilia a banda a lançar álbuns bem-recebidos pela crítica e pelo público. Com uma produção magnífica, este “Auric Gates of Veles” é a noção de como se faz um álbum de blackened death metal nos dias que correm. [Diogo Ferreira]

Lançamento mais recente: “Auric Gates of Veles” (2019)
Lançamentos mais relevantes: “Anaclasis: A Haunting Gospel of Malice & Hatred” (2005), “Erebos” (2010)

Blaze Of Perdition
Consideravelmente menos conhecidos do que os outros nomes desta lista, os Blaze Of Perdition merecem a sua inclusão neste rol. Francamente afectos ao esoterismo e às questões da vida de um ponto-de-vista humano, sem nunca, apesar de tudo, omitirem a presença do demónio, estes polacos fizeram caminho por si próprios, atingindo o seu pico criativo com o muito existencialista “Conscious Darkness” (2017) – claramente, um dos melhores álbuns de black metal com origem no Leste da Europa nos últimos anos. Tamanho conceito lírico, já proeminente em “Near Death Revelations” (2015), deverá estar ligado ao acidente de viação na Áustria e à experiência de quase-morte sentida pelos sobreviventes. Ikaroz, de 30 anos, foi a vítima mortal. [Diogo Ferreira]

Lançamento mais recente: “Conscious Darkness” (2017)
Lançamentos mais relevantes: “Near Death Revelations” (2015), “Conscious Darkness” (2017)