The Lion’s Daughter apresenta-se na sua versão mais polida, inspirada pelas criações de Dario Argento ou John Carpenter, apoiando-se nuns teclados...

Editora: Season of Mist
Data de lançamento: 09.04.2021
Género: synth metal
Nota: 2.5/5

The Lion’s Daughter apresenta-se na sua versão mais polida, inspirada pelas criações de Dario Argento ou John Carpenter, apoiando-se nuns teclados de estética assumidamente retro cruzados com as guitarradas sludge da sua fundação e a voz rasgada do metalcore.

Era uma vez a Times Square nos 1970s, um antro de pecado e depravação com muito sexo, drogas e crime por onde para além da meia noite só os convidados do diabo ousavam passar. A nota de imprensa introduz nestes termos o novo trabalho dos The Lion’s Daughter como uma aventura pela Roma antiga e decadente, iluminada por néones numa orgia BDSM em armazéns abandonados. Durante 40 minutos vamos ouvir falar de violência sexual, abusos, vergonha, desespero e paranoia em 10 títulos algo juvenis sugerindo thrillers eróticos, como por exemplo “Neon Teeth”, “Dead in Dreams”, “Werewolf Hospital”, “Sex Trap”, “Snakeface” ou “Skin Show”.

Ao quarto álbum da discografia, The Lion’s Daughter (trio dirigido pelo vocalista e multi-instrumentista Ricky Giordano) apresenta-se na sua versão mais polida, inspirada pelas criações de Dario Argento ou John Carpenter, apoiando-se nuns teclados de estética assumidamente retro cruzados com as guitarradas sludge da sua fundação e a voz rasgada do metalcore. Ricky Giordano é um personagem que sempre se sentiu fascinado pela sonoridade dos sintetizadores, só lhe faltava perceber a logística da coisa para incendiar a tal Times Square com a sua arte sonora e exuberância. Resolveu a equação no álbum anterior, “Future Cult”, um registo obscuro e agressivo, inspirado pelos ambientes clássicos da cinematografia dos filmes de terror e ficção-científica, enquanto no novo “Skin Show” optou por explorar as tonalidades suaves no lado mais pálido e espumoso das teclas, em busca de elementos etéreos e atmosféricos. Neste caso, o uso do sintetizador acaba por não resultar na criação de uma atmosfera em particular – é apenas um ornamento de uma insustentável leveza. Funciona como um ambientador cujo efeito se assemelha ao daquelas máquinas de fumo de odor perfumado que pulverizavam os palcos dos 1980s numa acção de cosmética. Synth-metal my ass! Chega a ser hilariante.

O resto são canções rock arrumadinhas e radio-friendly num registo de metal moderno bem servido pelos ritmos de bateria de Erik Ramsier com um bom groove, pelas vocalizações arreganhadas de Scott Fogelbach, pelos riffs metálicos estereotipados de Ricky Giordano e uma produção limpinha num certo estilo americano de embalar o metal como uma marca de hot dogs. “Skin Show” é um álbum ambicioso, faz pop por todos os poros, eles assumem-no – nos sonhos húmidos da banda foi concebido para os grandes estádios e arenas. Heavy Maria?! Boa sorte 2022.

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