Na Teia da Viúva, por Rute Fevereiro: Muffy (Karbonsoul)
Artigos 24 de Fevereiro, 2020 Metal Hammer
Conhecida no meio como Muffy, Mafalda Redondeiro Hortas é um dos rostos dos Karbonsoul. Com a sua voz, presença e um visual marcante, Muffy traz o poder que a identifica nos palcos até à minha teia, onde fala da sua condição de saúde e da discriminação de que foi alvo.
«Dei muitos concertos no limite da dor, mas nunca deixei que isto me roubasse a alma.»
Já nos conhecemos do meio há muito e sei que, para além de uma excelente performer, és também uma lutadora. Como estão os Karbonsoul?
Os Karbonsoul estão em fase de consolidação. Para já não temos datas agendadas, mas deverão surgir alguns concertos durante o ano. Temos um membro recente, um segundo guitarrista chamado Fábio Mata, e estamos a criar/trabalhar temas com a sua participação para o álbum que irá sair este ano. Estamos muito entusiasmados com os resultados e o produto final é bem mais coeso e agressivo!
Recentemente falámos sobre o facto de teres que lidar com um problema de saúde crónico. De que formas é que isso alterou a tua vida?
Felizmente esse período já lá vai, mas estive bastante mal e quase sem andar de 2012 a 2014. Foi uma altura muito negra a todos os níveis, como podes imaginar. Resumidamente, estive dois anos a sofrer até que se descobrisse a doença auto-imune de que padeço. Afecta as articulações das sacro-ilíacas e da base da coluna. Tinha dores de morte e foi física e psicologicamente muito difícil, mas consegui superar e hoje em dia vivo relativamente bem. Dei muitos concertos no limite da dor, mas nunca deixei que isto me roubasse a alma. O momento de estar nos ensaios e em palco, era (e continua a ser) o meu escape e onde sou mais feliz. Depois ficava pior mas compensava sempre. No meu trabalho, na altura, tive muito apoio do meu chefe, felizmente. Ele tem a mesma doença que eu, uma casualidade do destino, e consegui adaptar-me e trabalhar remotamente. À medida que ia melhorando, deslocava-me à empresa. A nível pessoal, fez-me crescer e dar valor às pequenas coisas do dia-a-dia que damos como garantidas. Imagina o simples facto de escovares os dentes ou tomares banho e sentires que algo te suga energia e te corrói de dores por dentro… É muito complicado quando tens 20 e poucos anos.
Como mulher sentes discriminação no meio musical ou no teu sector profissional enquanto designer?
Curiosamente, nunca senti até este último ano. O mais grave foi no trabalho, quando um dos pseudo-bosses me desejou boa sorte e despediu-me 15 dias antes de me casar (em Junho de 2019). “O mundo das empresas é para os homens.” “Boa sorte com isso! A taxa de divórcio é superior aos casamentos.” WTF!? E por ser uma empresa xenófoba e conservadora também, provavelmente. Preconceito também por não conseguirem distanciar um artista (no palco) de um profissional (no trabalho). Enfim… Portugal dos pequeninos. A nível musical, que me lembre, acho que não. Sempre me senti muito bem. Acho que também ajuda o facto de eu ser bastante sociável e ser uma pessoa descontraída, e muitas vezes as novelas mexicanas passam-me ao lado. Já tive reacções de espanto, mas de uma forma genuína, sem serem ofensivas. Algumas mensagens de ódio nas redes sociais (de homens e mulheres), mas isso faz parte do mundo digital em que vivemos. Normalmente gozo comigo própria e com os outros, mas a lista já vai grande: tráfico humano, dealer, satânica, dominadora, bruxa, pecadora, galdéria, e o último… um gajo quer que o mate. [risos] Perguntei se tinha MB Way ou Paypal… Tenho o dom de atrair aves raras! [risos]
És casada com o Pedro Leal Dias (Gwydion, Invoke) que, tal como tu, é também vocalista. No vosso dia-a-dia há muita música e actividades relacionadas? Como fazem no que respeita à gestão das bandas e dos concertos?
Sim, estamos juntos há 10 anos. Ambos temos vidas atribuladas, o Pedro mais do que eu até. Ele tem dois trabalhos e duas bandas. Durante a semana é mais complicado estarmos juntos a horas mais decentes, mas ao fim-de-semana é mais fácil. Já nos conhecemos assim, atarefados. Na altura, eu estudava e vivia em Évora (atenção que sou de Elvas, não confundir senão fico aborrecida, ‘tá?) e vinha ensaiar todos os fins-de-semana em Sintra, onde as nossas bandas partilhavam garagem/sala de ensaio. Em casa fazemos algumas coisas relacionadas com as bandas, mas individualmente. É saudável ter distanciamento, mas partilhamos sempre ideias e pedimos conselhos um ao outro. Fora isso, o comum de toda a gente: namorar, passar tempo com amigos, família, gatos, viajar, pagar contas, etc..
Adoptas um visual em palco, e não só, que te é bastante característico. Em que te baseaste para chegar a esse resultado?
Não sei bem. Foi surgindo ao longo do tempo mas sem que pensasse muito nisso. Hoje em dia, a construção desse visual ajuda-me a incorporar uma personagem. É uma metamorfose. Acho que desde miúda que faço isto. Fora do palco tenho um outro eu.
Por último, e como é habitual, convido-te a sugerires a próxima senhora nacional que deverá vir ao questionário na minha Teia e que expliques o porquê.
A próxima senhora que quero sugerir é a Carina Domingues, dos Disthrone. Gosto muito da Carina e da sua atitude. É directa e sem papas na língua! In your fuckin’ face!
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