Editora: Season of Mist
Data de lançamento: 23.10.2020
Género: black metal
Nota: 3/5
A música dos Mörk Gryning é centrada numa construção melódica feita à base de heavy metal tradicional e black metal importado da Noruega, com uma cobertura adocicada de teclados e guitarras acústicas.
“Hinsides Vrede” é o despertar destes suecos para o regresso à vida depois da interrupção em 2005 e o sexto álbum de originais vem dar continuidade à discografia iniciada em 1995. Goth Gorgon, Draakh Kimera e Avatar, três dos elementos da formação original, voltaram a reunir-se em 2017 para alguns concertos e, assim, surgiu o convite para esta gravação. O novo line-up em futuras actuações completa-se com a presença de Aeon nos teclados e CG na bateria. Apesar da importância, mais local do que global ou do interesse geral em torno desta reunião, a Season of Mist, responsável pelo ressuscitar da banda, vai avançar com as reedições de “Tusen år har gåt” (1995), “Return Fire” (1997), “Maelstrom Chaos” (2001) e “Pieces Of Primal Expressionism” (2003), excluindo o álbum homónimo lançado em 2005 com a banda inactiva.
Até ao início da década de 1990, o death metal sueco era uma das forças metalomecânicas dominantes na indústria. A partir daí, os suecos começaram a ter de lidar com a segunda vaga de black metal comandada pelos noruegueses que desafiavam as ditas forças. Foi então que os da Suécia começaram a seguir essa nova tendência da música extrema, nascida num processo de geração espontânea malparido pelos da Noruega. A No Fashion Records, nascida em Estocolmo por essa altura, começou a operar no circuito underground metalúrgico e foi o berço de projectos como Dark Funeral, Dissection, Marduk, entre outros da mesma fornada, como por exemplo os Mörk Gryning formados em 1993. Talvez assim se entenda o interesse arqueológico da Season of Mist pelo relançamento de gravações que documentem uma era de quando ainda não era nascida.
O minuto inicial corresponde à intro “The Depths of Chinnereth”, uma referência bíblica ao Mar da Galileia, num ambiente religioso de oratória apocalíptica, enquanto o último minuto e alguns segundos estão reservados para a pianada pastoral do último tema “On The Elysian Fileds”, um momento leve e acústico muito semelhante a “For Those Departed”, também na última parte do álbum. Leva-se pouco mais de meia-hora a atravessar as dez faixas no miolo do álbum. Faz-se bem. Apesar de recorrer frequentemente às diferentes variantes deste género musical, tal como no rumo seguido de disco para disco, o grupo acabou por ficar servido com os temas bem calibrados graças à técnica e sensibilidade dum produtor competente.
A música dos Mörk Gryning é centrada numa construção melódica feita à base de heavy metal tradicional e black metal importado da Noruega, com uma cobertura adocicada de teclados e guitarras acústicas, da qual o tema “Hinsides”, posicionado a meio do alinhamento, é uma boa amostra. Para além das já mencionadas, as novas composições apontam para a diversidade e para a evolução registada em diferentes momentos na discografia da banda. “Without Crown”, “The Night” e “A Glimpse of the Sky”, dedicada a Bathory, representam as raízes e o espírito inicial do primeiro álbum, enquanto “Black Spirit” e “Infernal” reflectem a influência thrasher do álbum “Return Fire” de 1997. “Fältherren”, “Existence In A Dream” e “Sleeping Embers” alinham com a fase mais épica e orquestral captada em “Maelstrom Chaos” de 2001.
Vinte e cinco anos depois do primeiro disco e 15 após a morte anunciada, o lançamento de “Hinsides Vrede” parece uma daquelas edições das medalhas comemorativas: não surpreende, não desilude, nem acrescenta um único parágrafo à história da banda. São 12 temas com uma estrutura tão equilibrada e previsível quanto a forma como estão dispostos no alinhamento. Estas fórmulas de equilibrismo cortam a pica toda e o impacto necessários nos momentos mais pesados, dinâmicos e agressivos. Esta derivação de black metal melódico é uma contradição em termos. Um género que se caracteriza pela rudeza, velocidade e agressividade não pode andar assim todo limpinho e domesticado. Os da Noruega é que sabem.

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