“Ultraviolet” apresenta uns Misery Signals com a máquina bem oleada e bastante competentes na escrita de um bom punhado de canções que vivem...

Editora: Basick Records
Data de lançamento: 07.08.2020
Género: metalcore
Nota: 4/5

“Ultraviolet” apresenta uns Misery Signals com a máquina bem oleada e bastante competentes na escrita de um bom punhado de canções que vivem do equilíbrio e tensão entre uma vigorosa agressividade e uma apurada sensibilidade melódica.

“Ultraviolet” assinala o regresso dos Misery Signals, projecto norte-americano que andou, na primeira década do milénio, na linha da frente da New Wave of American Heavy Metal, com o seu metalcore melódico. Após um hiato de sete anos sem editar, a banda tornou a reunir a formação original apresentada no álbum de estreia “Of Malice And The Magnum Heart” (2004) para a gravação deste “Ultraviolet”, recuperando o vocalista fundador, o canadiano Jesse Zaraska, que se juntou assim aos guitarristas Ryan Morgan e Stu Ross, ao baixista Kyle Johnson e ao baterista Branden Morgan. Para os admiradores desta mistura de hardcore punk com contornos metálicos, “Ultraviolet” constitui um verdadeiro manual de instruções sobre a sonoridade que melhor caracteriza a música pesada da primeira década de 2000: a mensagem de esperança, positivista e emocional do hardcore, o contraste das vocalizações limpas com o habitual screamo, riffs tão melódicos como cortantes e incisivos, e ritmos enérgicos com breaks abruptos a exigir frequentes mudanças harmónicas, num clima de permanente tensão.

“Ultraviolet” desvenda nove temas ao longo de pouco mais de uma intensa meia-hora. A partir da breve intro “The Tempest”, o tema de abertura anuncia a agressividade crescente por que o álbum se define a meias com a vertente melódica. “Sunlifter” segue-lhe os passos até ao próximo single “River King”, a puxar para um lado mais progressivo, segundo os ensinamentos dos bons velhos Meshuggah. “Through Vales of Blue Fire” aproxima-se de um registo mais afecto ao nu-metal, com a ajuda de alguma sujidade electrónica e da batida quase industrial. “Old Ghosts” reflecte a banda no seu melhor, com um pé no hardcore mais clássico e outro em territórios de exclusividade metalcore. Daí até ao fim, os Misery Signal justificam o estatuto de banda de culto e baralham tudo, a partir de “The Fall” até à faixa que encerra o álbum, “Some Dreams”, passando pela cintilante e mais poppy “Redemption Key”, e pelo hardcore melódico de “Cascade Locks”.

“Ultraviolet” apresenta uns Misery Signals com a máquina bem oleada e bastante competentes na escrita de um bom punhado de canções que vivem do equilíbrio e tensão entre uma vigorosa agressividade e uma apurada sensibilidade melódica. É um álbum que justifica o porquê da banda se encontrar entre os pioneiros do género que eles próprios ajudaram a definir.

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