Um disco muito diverso e cheio de boas ideias que apetece ouvir repetidas vezes. Falconer “From A Dying Ember”

Editora: Metal Blade Records
Data de lançamento: 26.06.2020
Género: folk/power metal
Nota: 4.5/5

Um disco muito diverso e cheio de boas ideias que apetece ouvir repetidas vezes.

Ao nono álbum de originais, os suecos Falconer anunciam o final da banda após vinte anos de carreira, sendo que há alguns anos já tinham encerrado de vez as actuações ao vivo.

Nascidos das cinzas dos Mithotyn, de onde vieram o guitarrista Stefan Weinerhall e o baterista Karsten Larsson, a sonoridade dos Falconer oscilou entre maiores ou menores doses de power e folk metal, apostando muitas vezes em letras em sueco e em versões de músicas tradicionais do seu país cantadas pelo afinado Mathias Blad, actor com vocação de bardo ou declamador.

Produzido e misturado por Andy LaRocque (King Diamond), este “From A Dying Ember” não é propriamente uma continuação do anterior e mais directo “Black Moon Rising”. Neste último trabalho, a banda pretendeu reunir num só disco as diferentes orientações da sua carreira, tornando-o num disco muito diverso, contando até com a participação na composição de mais um ex-membro de Mithotyn, Karl Beckmann, que, com Stefan Weinerhall, reescreveu a faixa “Rapture”.

A inaugural “Kings and Queens” parte da sonoridade tradicional dos Falconer para se criar um tema poderoso, que alterna entre a velocidade e as partes mais lentas, que contudo permanecem pesadas, e foca-se no seu refrão e na voz melódica de Mathias Blad. A segunda “Desert Dreams” é das que mais se foca no power metal clássico, e encontramos boas e velozes melodias de guitarra, assim como a técnica rápida de Karsen Larsson na bateria.

Cantada em sueco, “Bland Sump och Dy” é a mais folk metal de todas e inicia-se dando destaque ao baixo de Magnus Linhardt, evoluindo entre riffs pesados e instrumentos de cordas. A voz de Mathias soa com mais alguma agressividade sempre que canta em sueco e a guitarra de Jimmy Hedlund passeia-se pelo tema em floreados melódicos. Mais uma vez, nota-se a produção de qualidade de Andy LaRocque.

“Garnets and a Gilded Rose” é o segundo momento mais folk deste trabalho – um curto instrumental que nos faz lembrar uns Blackmore’s Night musculados.

“Fool’s Crusade” é ornamentada e complexa. Dotada de reminiscências medievais ou renascentistas, alterna o peso com momentos jograis em que Mathias faz de bardo medieval e traz-se à tona os sons acústicos e o baixo de Magnus Linhardt, sendo que Jimmy Hedlund presenteia-nos com um belíssimo solo.

A oitava “Rejoice the Adorned” é talvez a balada mais balada que os Falconer já compuseram, em que o piano domina e a voz de Mathias pode extravasar toda a sua vocação melódica.

“Thrust the Dagger Deep” é um tema lento, mas que encanta com o uso do violino e gaita-de-foles sintetizados e um solo de teclas muito à anos 1970, da escola de Jon Lord (Deep Purple), fugindo um pouco ao habitual dos Falconer. A voz de Mathias impressiona pela sua clareza e personalidade, terminando a faixa com o melódico trabalho de guitarras que pontilhou o tema, cortesia de Stefan e Jimmy.

O álbum encerra com “Rapture”, o tema mais pesado, mesclando instrumentos tradicionais com modernos e recriando a simbiose pela qual os Falconer ficaram conhecidos, mas entrando um pouco pela cartilha do viking metal, com toques de blackgraças aos blast-beats de Karsten Larsson e aos riffs de Stefan Weinerhall. Para tornar esta faixa memorável, Jimmy Hedlund enriquece-a com um forte solo, encerrando “From a Dying Ember” em beleza.

Esperemos que os Falconer mudem de ideias, pois este álbum mostra que continuam em boa forma, lançando um disco muito diverso e cheio de boas ideias que apetece ouvir repetidas vezes.