Seguindo a fórmula melódica e moderna dos últimos anos, os Dark Tranquillity percorrem um interessante limbo entre feixes de luz e derradeiras descidas ao...

Editora: Century Media Records
Data de lançamento: 20.11.2020
Género: melodic death metal
Nota: 4/5

Seguindo a fórmula melódica e moderna dos últimos anos, os Dark Tranquillity percorrem um interessante limbo entre feixes de luz e derradeiras descidas ao abismo.

Pioneiros do death metal melódico ao lado de gigantes como At the Gates e In Flames, os veteranos Dark Tranquillity chegam ao seu 12º álbum com “Moment”.

Tendo, no processo até “Moment”, perdido o guitarrista Niklas Sundin, na banda desde o seu início em 1991, por já não pretender embarcar em mais digressões – a idade traz destas coisas, procurando-se mais calma e serenidade na vida –, os suecos acabaram por ganhar dois novos colegas: o já conhecido Christopher Amott (ex-Arch Enemy) e o fã de longa data Johan Reinholdz. É precisamente por aqui que começamos, porque os Dark Tranquillity ganharam, de facto, dois novos membros com habilidades muito capazes de, sem nunca mudarem a sonoridade da banda, oferecerem novas abordagens musicais. Conhecidos como shredders, a dupla das seis cordas teve de ser domada, conforme Mikael Stanne confirmou à Metal Hammer Portugal, para que o colectivo não se desviasse daquilo que realmente é. Ainda assim, os dois músicos trouxeram novas cores aos Dark Tranquillity com riffs destemidos e solos supersónicos cheios de melodia e precisão.

Ponto ganho na ala das guitarras, a voz de Mikael Stanne continua portentosa e, se calhar, até mais agressiva do que em discos anteriores. Com 46 anos, Mikael surpreende também quando se lança por trilhos mais melódicos ao empregar a sua bela voz limpa cheia de luz e suavidade.

Ao fundo, Martin Brändström é o mestre dos arranjos. Mais uma vez, o teclista / programador / produtor preenche toda a tela traseira dos Dark Tranquillity com constantes atmosferas que dão um corpo muito robusto aos 12 novos temas de “Moment”. Mesmo que, por vezes, não nos apercebamos, porque estamos ocupados a apreciar Amott / Reinholdz e Stanne, Martin está lá a dar músculo às ambiências que fazem deste disco um dos mais atmosféricos de Dark Tranquillity.

Seguindo a fórmula melódica e moderna dos últimos anos, o colectivo nórdico percorre um interessante limbo entre feixes de luz e derradeiras descidas ao abismo, algo que faz ainda mais sentido a nível musical se tivermos em conta as letras sobre incerteza, epifanias e diferentes caminhos tomados. Por fim, e por mais que “Skydancer” tenha sido único e já tenha sido lançado no longínquo ano de 1993, nota-se uma certa ligação entre “Moment” e o disco de estreia – claro que a novidade não é tão crua como o debutante e claro que a composição não é prontamente semelhante, mas crê-se que a nova dupla de guitarras seja a culpada desta conexão devido à força, diversidade e inteligência que traz. Resumindo, é possível que os menos fãs de “Construct” e “Atoma” voltem a ganhar alguma paixão por Dark Tranquillity.

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