Ágeis na criação de pontes entre death metal, groove, prog e classic rock, esta banda tem mesmo de ficar na História – e talvez...

Editora: Transcending Records
Data de lançamento: 30.10.2020
Género: death metal / classic rock
Nota: 4/5

Ágeis na criação de pontes entre death metal, groove, prog e classic rock, esta banda tem mesmo de ficar na História – e talvez esteja mais do que na hora para isso!

Veteranos do death metal finlandês, os Convulse tiveram uma primeira vida que durou apenas de 1990 a 1994. O que acontece muitas vezes a bandas inovadoras que duram pouco ou que lançam poucos álbuns é acabarem por atingir um estatuto de culto, mas tal não ocorreu verdadeiramente com esta banda da cidade de Nokia. A razão é simples: vida curta e mentes pouco abertas naquela altura menosprezaram registos como “World Without God” (1991) e “Reflections”. Os Convulse perderam-se nas brumas da memória… Mas regressaram em 2012! E não mudaram – melhoraram até, com discos como “Cycle of Revenge” (2016).

Mas o que há de tão intrigante nesta banda? Mais uma resposta simples: é death metal sem ser death metal – e com a novidade “Deathstar” sobem mais um patamar em relação a tal observação. Ágeis na criação de pontes entre death metal, groove, prog e classic rock, esta banda tem mesmo de ficar na História – e talvez esteja mais do que na hora para isso!

A abrir o disco, enquanto “Extreme Dark Light” tem um trejeito melódico à post-rock nos leads de guitarra e uma lembrança de Marilyn Manson pré-2000 nas estrofes, “Whirlwind” apresenta sintetizadores à Iron Maiden por altura de “Somewhere in Time” e os já conhecidos ritmos jazz.

Com os sintetizadores ainda na calha, a terceira “The Summoning” evoca prog espacial e a quinta “We Sold Our Soul for Rock n’ Roll” é hard rock / classic rock à 70s – com um solo de teclas a fazer lembrar John Lord (Deep Purple) –, mas com mais rapidez e, claro, com growls death metal. Este é um tema que acaba por ter aquela sonoridade Six Feet Under nos seus álbuns de covers, como se nada fizesse sentido mas tudo faz – aliás, parece-nos que os Convulse têm mais jeito para isto do que Chris Barnes.

Por sua vez, o tema-título constitui um roubo descarado a “Roots Bloody Roots” (Sepultura), desde o riff à distorção, passando pela métrica dos versos – de certeza que foi de propósito.

Já perto do fim, a penúltima “Light My Day” apresenta um solo de guitarra daqueles que valem arenas cheias – de velocidade a sensualidade há de tudo naqueles segundos em que uma enxurrada de notas é cuspida em mais uma espécie de homenagem ao rock dos 70s / 80s.

Conhecidos ou não, os Convulse nunca alteraram a sua visão pessoal do que é música pesada e alternativa. Pesados até podem não ser no estrito significado da palavra (sem os growls talvez isto pouco passasse por death metal), mas o rótulo alternativo assenta-lhes como uma luva. Num momento em que o metal está a viver mais uma revolução (do metal melódico ao black metal), talvez agora os Convulse obtenham o mérito que lhes é devido.