Bask “III”
Reviews 31 de Outubro, 2019 Sara Sousa

Editora: Season Of Mist
Data de lançamento: 08.11.2019
Género: psychedelic rock
Nota: 4/5
Os Bask têm vindo a captar atenções para a sua singularidade e qualidade, explorando os vários subgéneros do rock, aos quais juntam uma voz límpida e riffs intensos próximos do sludge/doom metal. Sendo este o terceiro álbum da banda, e perante o aumento de popularidade, era expectável que “III” fosse um disco de consolidação. De facto, assim o é, tendo contado com o apoio de Matt Bayles na produção das sete músicas que o compõem.
A primeira impressão que temos de “III” através da imagem da capa criada por Adam Burke é absolutamente merecedora de referência: o retrato de uma mulher que, inicialmente, remete-nos para a pintura holandesa do Séc. XVII mas, quando visto na totalidade, transforma-se numa paisagem envolvida por uma névoa de fumo que atenua o sol e se funde com a lebre caçada, envolvendo-nos nos significados da sua natureza sombria.
As duas primeiras faixas, “Three White Feet” e “New Dominion”, foram também os dois primeiros singles divulgados antes do lançamento, dando-nos uma tónica densa e pesada para o álbum. Ambas cativam imediatamente, deixando-nos sedentos pelo que vem a seguir. “Stone Eyed” será a faixa menos bem-conseguida, passando despercebida entre as demais, com a secção verso-refrão a um ritmo rápido e com um ambiente mais leve, soando algo leviana. E embora a ponte seja um momento forte, fazendo jus à qualidade da banda, rapidamente somos desiludidos por um final que retorna às notas do início.
Em “Rid of You”, o single mais recente, vemos reposto todo o dramatismo e o ambiente soturno da imagem de apresentação. Apesar de ser algo frustrante que o baixo e a bateria não tenham tido aqui a nitidez e destaque merecidos, a música segue em crescendo com um apogeu no final que nos pede para carregar no repeat.
Tal como o nome dá a entender, “Noble Daughters I: The Stave” e “Noble Daughters II: The Bow” são duas partes da mesma composição, e constituem uma incursão pela vertente progressiva da banda, na qual vemos explorados diferentes ambientes e ritmos – ora suaves e melódicos, ora pesados –, épicos e arrebatadores. Apenas passaram 30 minutos e vemos que o álbum está quase a terminar, prevalecendo o desejo por mais.
Fugindo ao genérico, em que a voz se sobrepõe aos restantes instrumentos, os Bask habituaram-nos a uma sonoridade na qual a voz, clara e etérea, apresenta-se a par das guitarras, enquanto o baixo e a bateria são colocados em segundo plano, dando corpo e densidade às músicas. Foi também mantida a dualidade soft vs heavy característica da banda – para os fãs de metal: sim, ‘aqueles’ riffs ainda estão lá! – e “III” estabelece um diálogo contínuo entre as duas guitarras: com uma distorcida e de riffs pesados e com outra de som límpido, comanda a melodia. Esta opção estética traz uma coerência tão forte às várias faixas que pode dificultar a sua distinção em audições menos atentas.
“Maiden Mother Crone”, que encerra o álbum, é a excepção. Com músicos convidados ao violino e na guitarra pedal-steel, a faixa funciona como um outro da totalidade do álbum através de sons melancólicos do sul tradicional dos E.U.A., onde banda se entrega à sua raiz americana, sem receios.
Para quem conhece os seus antecessores, “III” traz poucas surpresas, mas reforça a qualidade musical dos Bask, não fazendo desperdiçar os 36 minutos que o compõem. Ficam em aberto os motivos pelos quais não foi explorada uma maior gama de efeitos nas guitarras, dado maior ênfase a passagens extremamente bem executadas do baixo e da bateria, ou porque a voz de Zeb Camp se apresenta algo contida, fazendo poucas abordagens de cariz mais emocional. Claramente, a banda terá colocado a si mesma uma fasquia alta para este álbum e optado por valorizar mais o foco do que a experimentação. Mas há um claro resultado após a audição deste álbum: o desejo de ver a banda tocar ao vivo, totalmente liberta, e a expectativa sobre os seus próximos trabalhos.
Este é um álbum bastante bom que nos revela como os Bask poderão fazer o que quiserem nos anos vindouros, não estando comprometidos nem com um estilo musical específico, nem com o sentido rebelde próprio dos anos de juventude. “III” passará a ser a porta principal para a música desta banda, que merece todo o reconhecimento e a conquista de novas audiências.

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