Winterfylleth “The Reckoning Dawn”
Reviews 30 de Abril, 2020 Diogo Ferreira
Editora: Candlelight Records
Data de lançamento: 08.05.2020
Género: black metal
Nota: 4/5
Densos, explosivos e emocionais à sua fria maneira inglesa, os Winterfylleth adicionaram mais técnica e alguma diversidade no campo das guitarras, o que os coloca num patamar mais elevado, tanto internamente como na conjugação de todo o black metal contemporâneo.
Bastião pleno da onda contemporânea do black metal inglês, os Winterfylleth voltaram a pegar nas guitarras eléctricas, ligaram os amplificadores, reactivaram os blast-beats e encheram o pulmão de ar para mais uma catarse de berraria após o semi-acústico “The Hallowing of Heirdom” (2018), regressando-se assim às lides pesadas, negras e imersivas da música com “The Reckoning Dawn”.
Logo a abrir, “Misdeeds of Faith” espanta com coros e guitarras lead que criam um cenário de orquestra, sublinhando muitíssimo bem a relação que o metal tem com música clássica. Mas o melhor começa a revelar-se à terceira “Absolved in Fire”, com uma guitarra acústica inicial que evoca a facção folclórica da banda, tanto em relação a toda a discografia como ao recente semi-acústico, abrindo-se os portões rumo ao miolo do álbum onde se incluem as quatro melhores músicas. É também com esta terceira faixa que os Winterfylleth realçam bastante os seus riffs densos e repetitivos que lhes deram tanto reconhecimento no panorama black metal dos nossos dias.
O tema-título segue um caminho idêntico, mas de forma ainda mais emotiva, a roçar a melancolia, e épica, actuando como um dois-em-um: ao mesmo tempo que mantém a sonoridade caraterística, é capaz de percorrer trilhos mais introspectivos e nostálgicos sempre com aquela fluidez veloz e arrepiante – muito possivelmente estamos perante a melhor faixa deste álbum, especialmente se tivermos em conta o lead/solo executado na recta final que, acompanhado pelos teclados, é vestido de uma beleza simples mas transcendental.
Na continuação deste quarteto de grandiosas composições, surge “A Greatness Undone” com o seu híbrido entre harmonia e dissonância que tantas vezes é utilizado por bandas deste género, uma ferramenta que abre caminho para mais um lance de leads épicos e elevatórios, algo que acontece igualmente e sem espinhas na seguinte “Betwixt Two Crowns”.
Claro que a parte final do disco (com um curto interlúdio acústico e mais um longo tema de nove minutos) não fica muito atrás em termos de qualidade, mas o quarteto de faixas mencionado, mesmo a meio do álbum, faz indubitavelmente parte dos momentos mais memoráveis deste novo trabalho.
Estamos em 2020 e os tempos mais crus dos Winterfylleth, pelo menos ao nível da produção, já passaram de validade há quase 10 anos, dando-se por conseguinte espaço à evolução e à polidez sonora. Sempre densos, explosivos e emocionais à sua fria maneira inglesa, os Winterfylleth adicionaram mais técnica e alguma diversidade no campo das guitarras, pondo um pouco de lado experiências mais repetitivas presentes no catálogo mais antigo, o que os coloca num patamar mais elevado, tanto internamente, no seio da banda, como na conjugação de todo o black metal contemporâneo inglês e até, se quisermos tornar tudo mais desafiante, europeu.

Metal Hammer Portugal

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