Wardruna “Kvitravn”
Reviews 19 de Janeiro, 2021 Diogo Ferreira
Editora: By Norse
Data de lançamento: 22.01.2021
Género: folk
Nota: 4/5
“Kvitravn” é uma colecção de músicas dramáticas. No final, o importante é sairmos de alma mais leve e mais limpa, mais próximos da Natureza e do seu poder etéreo que teimamos em enfrentar.
Renomado projecto de música folclórica, Wardruna é a criação de Einar Selvik, também conhecido como Kvitrafn. Com um passado no black metal, ao ter integrado Gorgoroth e ao criar esporadicamente com Ivar Bjørnson dos Enslaved, o multi-instrumentista começou a ganhar maior destaque mundial precisamente com Wardruna através da sua música tradicional nórdica e através dos seus contributos para séries televisivas como “Vikings”.
Ao quinto álbum, que tem “Kvitravn” como título, Einar foca-se no animismo (teoria segundo a qual os povos atribuem a todos os seres da natureza uma ou várias almas), mas também nas sombras, nos mitos, nos vários conceitos espirituais nórdicos e, claro, no poder da feitiçaria.
Ao longo de 11 novas composições, aqui trazidas através de vários tipos de harpas, liras, flautas e percussões, os Wardruna criam uma paisagem sonora inebriante e rica em dramatismo, um que, por vezes, é tão cinematográfico que se pode classificar como épico.
Em expressões sónicas que tanto têm uma componente de iluminação para o exterior como de introspecção, sempre com a aura dos animais espirituais ao centro, a experiência daqui retirada é essencialmente meditativa muito à custa de ritmos e mantras repetitivos que preenchem todo o espaço (físico e mental) de quem ouve e vive este andar para trás no tempo.
Embebido numa ligadura de propriedades curativas e regeneradoras, que se absorvem mais plenamente ao vivo do que em estúdio, “Kvitravn” não é um álbum de picos e vales, nem dançante como muitas vezes achamos que o folk é ou tem de ser, andando-se sempre por um meio-termo calmo e suave, com Einar Selvik a saber relaxar ou, por outro lado, a impor a sua voz em momentos-chave de êxtase xamânico. Contudo, não estamos perante um disco homogéneo per se, havendo toda uma panóplia de instrumentos e melodias que, ao lado da já referida voz de Einar, tanto proporcionam elevação da alma (a comunhão com os animais e a Natureza) como melancolia (o acto de contrição).
“Kvitravn” é uma colecção de músicas dramáticas, sim, mas sem teatralidade – aliás, isso é por demais evidente nas actuações em que Einar & Cia. se focam mais na oferta experiencial da sua música e na perfeição da sua execução do que nos excessos visuais e tácteis que um concerto pode conter. No final, o importante – e “Kvitravn” consegue-o – é sairmos de alma mais leve e mais limpa, mais próximos da Natureza e do seu poder etéreo que teimamos em enfrentar.

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