Tudo muito morno, previsível, sem gume afiado, sempre dentro da caixa de segurança.

Editora: Nuclear Blast
Data de lançamento: 22.01.2021
Género: symphonic metal
Nota: 3/5

Tudo muito morno, previsível, sem gume afiado, sempre dentro da caixa de segurança.

Com génese no death metal, os Therion foram evoluindo a sua sonoridade e tornaram-se na banda mais apetecível dentro do panorama sinfónico. Criação de Christofer Johnsson, os suecos encaminham-se a passos largos para a vintena de álbuns, deixando para trás títulos como “Theli”, “Vovin”, “Lemuria”, “Sirius B” e “Gothic Kabbalah”, este de 2007 que muitos consideram ser a última grande obra-prima de Therion. Verdade seja dita: tal afirmação não é descabida, com a banda a repousar nos louros e a lançar trabalhos medianos.

Com a novidade “Leviathan”, o grupo disse querer um álbum cheio de músicas que tenham aquele sentido de êxito e essa ideia não deixa de ser real quando o disco abre com “The Leaf on the Oak of Far”, uma composição hard rock que destoa daquilo a que estamos habituados quando falamos em Therion, mas o ADN do colectivo acaba por surgir de imediato com um refrão mais usual – isto é, épico e construído por coros.

Com a presença da voz de Marco Hietala (ex-Nightwish) em “Tuonela” e com a faixa seguinte, de título homónimo, aparece o som mais épico dos Therion, com ingredientes sobejamente conhecidos e que podem ser encontrados em álbuns como “Sitra Ahra”: bateria simples, riffs que funcionam mais como preenchimento de fundo para depois se desdobrarem em solos e coros grandiosos.

À medida que o álbum avança, encontramos momentos mais cinematográficos (“Die Wellen der Zeit”), riffs thrash metal cruzados com instrumentos de sopro (“Aži Dahāka”), influências árabes (“Nocturnal Light”), viagens ao extremo oriente (“Ten Courts of Diyu”) e inspirações melódicas no heavy metal pintadas por breves teclados à space prog (“Psalm of Retribution”).

De resto, é o que já conhecemos em Therion: orquestrações, duetos vocais entre feminino e masculino, coros que se diversificam entre o glorioso e o alarmante. Por mais bem produzido e executado que seja – não é qualquer grupo de artistas que saca este tipo de música, ainda que haja mais talentos hoje em dia e a tecnologia esteja muito avançada –, o problema de “Leviathan” tem relação com alguns discos de Therion menos conseguidos: tudo muito morno, previsível, sem gume afiado, sempre dentro da caixa de segurança.