"At Night We Prey" é um disco de uma banda que continua a ser um legado fundamental do metal extremo e...

Editora: Season of Mist
Data de lançamento: 05.03.2021
Género: symphonic death/gothic metal
Nota: 4/5

“At Night We Prey” é um disco de uma banda que continua a ser um legado fundamental do metal extremo e ajuda a manter as coisas frescas e interessantes.

“Recomendado para fãs de Portishead, Altarage, Sisters of Mercy, Massive Attack.” Lemos deste lado ao abrir a nota de imprensa enquanto nos preparamos para ouvir o que monsieur Karadimas & Cia. nos reservaram com “At Night We Prey”. Afirmação arrojada, pois, afinal, passaram oito anos desde “Cassiopeia”, o último registo nobre dos gregos e que acabou por ser um dos trabalhos mais interessantes da sua aplaudida carreira. Por conseguinte, estávamos à espera de desenvolvimentos de uma banda praticamente etérea – aparece tão facilmente como volta a desaparecer, deixando sempre uma marca à sua passagem, mas… uma marca capaz de ombrear com o diâmetro das bandas acima mencionadas? Muito arrojado, de facto.

Mas “At Night We Prey” não só volta a deixar a marca como o faz de forma ainda mais profunda. Incidindo na depressão clínica vivenciada por Efthimis Karadimas (vocalista e fundador), causada pelo morticínio físico e psicológico que vivemos actualmente, este novo disco faz-nos regressar ao passado mais glorioso, ainda que muito menos cavernoso. Títulos seminais como “Parade into Centuries” ou “Macabre Sunsets” sentem-se nas novas composições, sempre com os devidos toques de 2021. Talvez por causa do regressado Michalis Galiatsos (guitarra), integrante da formação clássica dos helénicos e que reforçou a dose de old-schoolapresentada em “At Night We Prey”.

Durante a intro orquestral “She Loves the Twilight” percebemos a comparação com Sisters of Mercy, mas é com a faixa inicial “Killing Moon” que nos é apresentada a melhor banda de sempre de death metal dos nossos vizinhos mediterrânicos: os riffs épicos e inspirados, o trabalho de bateria de Fotis Benardo a lembrar-nos a velocidade impossível de “Macabre Sunsets” e um sentido de composição maduro fazem com que “Killing Moon” não encontre par nos dez temas do décimo álbum de originais dos Nightfall. Não poderia ser um começo mais perfeito. A que se lhe segue, “Darkness Forever”, recorda-nos “Macabre Sunsets” com alguma nostalgia devido às suas velocidade e agressividade em geral, para as quais o trabalho ribombante de Benardo volta a ser fundamental. Os coros criam ambiente, e nem o solo de guitarra épico interfere com o death metal pungente da segunda oferta.

Os momentos épicos estão presentes em cada uma das dez faixas, não fossem os Nightfall praticantes de um death metal moderadamente sinfónico. Moderadamente em comparação com conterrâneos como Septicflesh ou Rotting Christ, portanto, o que só lhes confere um valor ainda maior por não deixarem o death metal com cunho grego em segundo plano. É o que acontece em “Witches”, composto por 90% de death metal e 10% de elementos sinfónicos. O ritmo abranda com “Giants of Anger”, e “Temenos” apresenta o melhor trabalho de bateria de todo o registo, um autêntico colosso de Rodes que tudo destrói à sua passagem. “Meteor Gods” é o momento alto do disco no que toca à conjugação de elementos sinfónicos e agressividade e “Martyrs of the Cult of the Dead (Agita)” acrescenta até algum groove a um género geralmente carente desse factor.

O tema-título, que antecede a faixa final, explica novamente as bandas do primeiro parágrafo devido a toques muito ligeiros de música electrónica e a passagens a lembrar Altarage. Não é novo na carreira dos Nightfall, que sempre nos habituaram a momentos temporalmente desfasados, geralmente a apontarem para décadas ainda por vir, bastando para isso (novamente) considerar “Macabre Sunsets”. A produção, impecável e moderna mas com um feeling muito particular dos anos 90, ajuda a realçar o já por si forte “At Night We Prey”, um disco de uma banda que, embora sem a mesma visibilidade actual de décadas passadas, continua a ser um legado fundamental do metal extremo e ajuda a manter as coisas frescas e interessantes.

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