Aqueles que acompanham o meu percurso musical estão familiarizados com a minha determinação em vincar o papel das mulheres neste meio, quer através das...

Aqueles que acompanham o meu percurso musical estão familiarizados com a minha determinação em vincar o papel das mulheres neste meio, quer através das Black Widows – a primeira banda de metal portuguesa composta exclusivamente por mulheres – como pelos Enchantya, onde além de vocalista assumo também a gestão da banda.

A coluna “Na Teia da Viúva” visa destacar, através de entrevistas, as grandes guerreiras do metal, sejam elas cantoras, instrumentistas, relações públicas, managers, técnicas de som e luz, entre outras, pretendendo assim dar a conhecer um pouco da vida das mulheres que compõem e contribuem para a progressão da cena metal nacional. Como tal, a nossa primeira convidada é Cátia Cunha, conhecida pelo trabalho que desenvolve na Against PR, entidade a que recorrem várias bandas nacionais e internacionais do espectro do metal.

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Falaram-me muito de ti e do teu trabalho há uns dois anos, o que me encorajou a procurar os teus serviços. O que te levou a embarcar na carreira de PR?
A minha carreira profissional começou e prolongou-se ainda por alguns anos como designer. A PR surgiu pois havia uma procura grande mas eram poucas as empresas que o faziam de forma mais digital, uma vez que a promoção de bandas e álbuns ainda dependia muito do envio de cópias físicas. Quando iniciei, fomos inovando, tornando a promoção mais digital, mais fácil e mais acessível. A Against PR tem muitos anos de trabalho em cima e fomos mudando a nossa abordagem consoante as necessidades dos clientes e as plataformas que iam surgindo.

A Against PR promoveu os finlandeses Beastmilk na fase inicial da carreira.

Sei que és mãe. Em que aspectos é que isso mudou a tua vida?
Profissionalmente não mudou nada, pois consegui gerir bem a parte da maternidade com o trabalho. A nível pessoal mudou bastante, para melhor. Há pessoas quem não gostam de ouvir – pois acham que não é verdade – coisas como “quando fores mãe vais entender”, mas sinto que é mesmo isso. Não dá para explicar por palavras o que um filho muda nas nossas vidas. Adoro ser mãe e acho que isso me tornou uma pessoa melhor, mais organizada e até mais produtiva. Algo que mudou foi o facto de até há três anos nunca ter tirado férias e agora tiro. [risos]

O que pensas da actual contribuição das mulheres no meio do metal nacional, seja em cima ou fora dos palcos?
Quer queiram quer não, ainda circula muito aquele pensamento de “é uma mulher a fazer, por isso não vai sair nada de jeito”. Isso acontece. Já ouvi alguns comentários muito machistas. O melhor é ignorar porque quanto mais atenção dermos, mais essas pessoas se sentem realizadas.

Pensas que neste meio musical uma frontwoman fisicamente atraente tem mais probabilidades de sucesso, independentemente da qualidade musical da banda?
Infelizmente a aparência conta muito e acho que basta dizer isso.

Enchantya: banda de Rute Fevereiro que contou com os serviços de Cátia Cunha, da Against PR.

Segundo a tua experiência, qual a fórmula de sucesso para qualquer banda?
Sejam humildes, não vejam as críticas como algo destrutivo, apostem sempre numa boa imagem e não tenham medo de promover o vosso trabalho através de empresas como a Against PR.

Quais os princípios pelos quais te reges para seres feliz?
Vivo com base naquilo que é correcto e bom para mim. Não estou neste mundo para agradar ninguém.

Que convidada sugeres para a próxima entrevista e que mensagem gostarias de lhe deixar?
Apesar de trabalhar com mil e uma bandas, as pessoas que as integram não fazem necessariamente parte da minha vida pessoal, por isso o meu leque de pessoas que realmente conheço pessoalmente é bastante reduzido. No entanto sugiro a Sandra Oliveira, dos Blame Zeus, que tem feito um bom trabalho. Está sempre disposta a aprender, ouve o que as pessoas têm a dizer, pega nisso e faz com que a banda se vá elevando.