O antigo baterista dos Slipknot, Joey Jordison, sobre os 10 maiores bateristas que o inspiraram a pegar nas baquetas.

O antigo baterista dos Slipknot, Joey Jordison, sobre os 10 maiores bateristas que o inspiraram a pegar nas baquetas.

Foto: Steve Brown

Joey Jordison sabe umas coisas sobre bateristas. Assim como na sua antiga banda, os Slipknot, e nas actuais Vimic e Sinsaenum, Joey tocou com toda a gente, de Rob Zombie e Ministry a Korn, Satyricon e até mesmo com Metallica num memorável Download quando Lars Ulrich adoeceu. Desafiámos Joey a fazer uma lista dos bateristas que o inspiraram ao longo dos anos.

«Lembro-me de ter cerca de cinco anos em 1981», começa Jordison, «e de ouvir os meus pais a rodarem “Tattoo You” dos Rolling Stones. Eles eram grandes coleccionadores de vinil e grandes fãs de música, e ainda eram jovens, portanto punham sempre música até tarde. “Little T&A” ainda é a minha música favorita dos Stones. Keith Richards do c*ralho, pá. Está doido nessa faixa – e é do caraças. E o engraçado de tudo é que quando és criança, perguntas aos teus pais: ‘O que é que T&A significa?’ Mas essa ainda é a minha música favorita dos Rolling Stones, e “Tattoo You” foi basicamente a iniciação à minha carreira musical».

«Depois foi “Quadrophenia” dos The Who, e Led Zeppelin, I, II, III e IV», acrescenta. «Mas o meu álbum favorito dos Led Zeppelin, que também tem a ver com ter começado a tocar bateria a sério, é “In Through the Out Door”. Esse disco é incrível como o c*ralho, pá. “In the Evening” é uma das músicas mais pesadas e assustadoras de sempre. Esse álbum vai deixar-te doido. Música não me toca hoje como naquela altura. Esses são os discos que me levaram a fazer o que faço hoje, e nunca desaparecem.»

Eis os 10 melhores bateristas de todos os tempos para Joey Jordison…

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John Bonham (Led Zeppelin)
«Tenho de começar pelo John Bonham. Quando ouvia o “Led Zeppelin II”, quando era mesmo muito novo, a bateria naquele disco era muito pesada, mas só percebi completamente o quão talentosa aquela banda era muito mais tarde. Tudo que sabia era que estava infectado pela música. Ao ficar mais velho, e com o meu tio a tocar todos os solos do Bonham, fiquei totalmente viciado.»

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Neil Peart (Rush)
«Outro disco que me lembra aquela altura é “2112” dos Rush. Esse disco surpreendeu-me quando era novo. Tenho de agradecer ao meu tio por me ter mostrado muito rock pesado à medida que ia crescendo, e o “2112” ateou-me fogo ao pensar: ‘Oh meu deus, como é que alguém consegue tocar assim?’ Ainda não consigo tocar como Neil Peart! Mas tento. Estes gajos nunca param de me surpreender, e discos como este nunca envelhecem – só melhoram com a idade, como um bom vinho.»

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Keith Moon (The Who)
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Como disse antes, os meus pais costumavam tocar o “Quadrophenia” enquanto crescia, e já disse isto antes, mas Keith Moon foi um dos bateristas mais excêntricos, rápidos e loucos de todos os tempos. Nunca haverá outro como ele – não o podes duplicar. É a mesma coisa com Bonham, e é a mesma coisa com Neil Peart. Esses são os gajos que ainda admiro, e ainda treino ao som deles, embora não haja nenhuma maneira de chegar perto daquela magnificência. Não é como se ele tivesse ido para a escola de bateria – esta merda vem do coração.»

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Bill Ward (Black Sabbath)
«Direi sempre que Bill Ward é o melhor baterista de heavy metal de todos os tempos. Ele tem o melhor groove e swing, e tem o melhor jazz, o melhor peso e o melhor rock – tudo num só. Não dá para aprenderes isso, pá. Essas coisas vêm de dentro. “Master of Reality” é um dos meus discos favoritos de sempre – na verdade, está na minha cozinha, no meu gira-discos. O “Vol. 4” ainda me surpreende também, e a onda que Bill Ward traz é insana. Quando os Slipknot fizeram uma digressão com os Black Sabbath, comecei a sair com ele – as voltas que a vida dá são estranhas, e conheces e tornas-te amigo dos teus heróis. Ele é a razão pela qual estou aqui hoje, e ele foi tão humilde e excelente. Não podes pedir nada melhor do que isso.»

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Lars Ulrich (Metallica)
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Muitas pessoas dizem mal deste gajo, mas têm de se calar porque Lars Ulrich é provavelmente um dos melhores e mais inovadores bateristas de todos os tempos. Fiz uma digressão com ele e vi-o tocar todas as noites, e o pedal duplo estava completamente no ponto. Ele também é um dos melhores homens de negócios que mantém este tipo de música a funcionar – é o coração de toda a comunidade, porque os Metallica são os réis. Nunca haverá ninguém que se iguale a eles, e o Lars é uma grande parte disso. Sem aquele gajo, e a influência da banda, nem estaria aqui a falar convosco. O Lars é um dos meus deuses e sempre será. O gajo é do caraças, ponto final. Então, quando me perguntaram se podia substituí-lo no Download Festival, é claro que eu sabia tudo, porque ele é uma das minhas maiores influências. Lembro-me de tocar ao som dele enquanto crescia e tentava ser tão bom como ele. As nossas habilidades técnicas são muito diferentes, mas nunca serei tão bom como este gajo, e sentar-me no seu banco foi um dos maiores sonhos que se tornou realidade. Que honra. Adoro este gajo.»

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Charlie Benante (Anthrax)
«Cresci a ouvir Anthrax, e Charlie Benante ainda está no topo. A maioria das pessoas não consegue apanhar aquele gajo – ele está absolutamente no ponto em todos os momentos. Lixava-me todo a tentar aprender as partes de pedal duplo de “A Skeleton in the Closet”, e enlouquecia os meus pais por tocá-la repetidas vezes, a tentar acompanhar a sua velocidade. Ele é imensamente responsável por me treinar enquanto crescia, e ele é absolutamente um dos meus maiores heróis de todos os tempos. Ainda parece bom como o c*ralho e ainda está em óptima forma, e está a tocar melhor do que nunca. Ouvi “Between the Living” em 1987, quando estava no sétimo ano, e ainda é do caraças. A isso é o que chamo de influência – gente assim não perde o fogo, pá.»

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Brann Dailor (Mastodon)
«Brann Dailor é absolutamente um dos meus melhores amigos, mas não estou a colocá-lo nesta lista por causa disso. Somos equivalentes, embora os nossos estilos sejam completamente diferentes – ele aprecia a minha forma de tocar e eu aprecio a dele. O estilo dele é do caraças. Tem um conjunto de seis peças e faz parecer que estão 50 mil baterias a tocar. É um dos melhores bateristas da actualidade. É quase imbatível. Ele é totalmente prog metal da velha-guarda, e nem todas as pessoas o conseguem. Por isso, Brann Dailor é absolutamente um dos meus heróis. Também escreve muitas letras, portanto não se trata apenas da sua forma de tocar, mas também de toda a visão que apresenta. Não tenho palavras suficientes para dizer bem do gajo – ele é do caraças.»

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Danny Heifetz (Mr. Bungle)
«Acho que Danny Heifetz é provavelmente um dos bateristas mais subestimados que existe. A sua técnica é quase insuperável, a maneira como ele muda do jazz para o metal é estranha como o c*ralho porque tens de ter esses dois estilos diferentes. E Mr. Bungle é uma das minhas bandas favoritas de sempre. São imbatíveis no género e ninguém os vai igualar. Toco muito ao som de Mr. Bungle em casa, e percebo e consigo tocar, mas não é a mesma coisa. Não dá para igualar esse gajo.»

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Hellhammer (Mayhem)
«Obviamente, compartilho algo com o Attila [Csihar] em Sinsaenum, e, no black metal, Hellhammer é do melhor que existe. Há sempre pessoas a surgir que podem ser mais rápidas ou mais coesas, mas a diferença é a vibe, e Hellhammer tem o c*ralho da vibe. Quando o conheci, eu estava em digressão com Murderdolls e ele tocava com The Kovenant – que era tipo uma banda de techno, black and roll –, e eu já era um grande fã. Ainda ouço as coisas dele a toda a hora e nunca me decepciona e nunca deixa de me surpreender. Surpreende toda a gente – podes dizer que ele está num mundo diferente por causa do pedal duplo, blasts e fills

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Dave Lombardo (Slayer / Fantômas)
«Dave Lombardo é um mestre do c*ralho. Já o disse em várias entrevistas, mas em 1986 tudo que eu queria era o “Reign In Blood” dos Slayer, e consegui-o numa Páscoa – os meus pais eram assim tão porreiros. Agora, esse álbum é o melhor híbrido de speed metal / thrash metal de todos os tempos. Nunca será batido, ponto final. Lombardo é o c*ralho do deus do speed metal na bateria. Nunca será igualado. A sua intensidade ainda hoje me surpreende. Fiz uma digressão com o gajo, e não é só isso, agora ele é um dos meus amigos, e é um dos gajos mais doces do mundo. E a razão pela qual ele consegue tocar dessa maneira é porque não tem ego. Ele sobe ao palco e torna-se a bateria – ele não toca bateria, ele é a bateria. Ele é a minha maior influência neste tipo de música. Fantômas também é o derradeiro supergrupo. Quando ouvi falar deles pela primeira vez, pensei: ‘Esta é a banda dos meus sonhos. Mike Patton, Buzz Osbourne, Trevor Dunn e Dave Lombardo – não existe nada melhor do que isto.’ Vi-os tocar ao vivo no The Troubadour [lendário clube em West Hollywood, Califórnia] quando estávamos a fazer o primeiro álbum do Slipknot, e não consigo colocar em palavras o que vi naquela noite. Foi o concerto mais louco que já vi – foi mágico. Há sempre um concerto na vida em que pensas: ‘Gostava de poder regressar e reviver aquilo.’ E esse é o concerto que eu gostaria de poder voltar e ver, no The Troubadour, em 1998. Claro que vi Slayer ao vivo várias vezes, e Slayer é uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos, mas aquele concerto de Fantômas mostrou-me que ninguém consegue tocar naquele gajo. Portanto, Lombardo é o meu derradeiro herói da bateria.»

Consultar artigo original em inglês.

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