Iron Maiden “Iron Maiden”: a ascensão de Eddie
Artigos 14 de Abril, 2020 Diogo Ferreira
Fundados em 1975 por Steve Harris, os Iron Maiden passaram os primeiros anos a lutar contra várias mudanças de formação e a darem alguns concertos aqui e ali. Tudo mudaria para melhor em 1979 quando uma demo foi parar às mãos de Neal Kay, o gerente do clube Bandwagon Heavy Metal Soundhouse. O tema “Prowler” foi um êxito instantâneo e a demo intitular-se-ia “The Soundhouse Tapes” em honra do clube.
Gravado em cerca de duas semanas, o primeiro álbum dos ingleses, com título homónimo, seria lançado a 14 de Abril de 1980 após problemas com vários produtores, e nem o produtor creditado, de nome Will Malone, levou a sua tarefa até ao fim. Guy Edwards e Andy Scott foram as outras duas vítimas, sendo que a banda não estava satisfeita com a produção lamacenta do primeiro e o segundo fora arredado por insistir que Harris devia tocar o baixo com uma palheta e não com os dedos (in “Iron Maiden: Run to the Hills, the Authorised Biography”, de Mick Wall).
Quem também não ficou na banda durante muito mais tempo foi o guitarrista Dennis Stratton (seria substituído por Adrian Smith) e este é o seu único álbum com Iron Maiden. Nova cara de última hora, Dennis acabou por ser afastado devido a «diferenças musicais» segundo o livro de Mick Wall, sendo que uma das razões deverá ter a ver com as influências em Wishbone Ash e backing vocals à Queen que Stratton queria incluir em “Phantom of the Opera”. No mesmo livro, Harris aponta que Stratton se mostrava com maior paixão a interpretar temas mais lentos, como “Strange World”, do que composições mais pesadas como “Prowler”.
Musicalmente, a já mencionada “Prowler” inaugura com um riff e um lead altamente reconhecíveis e energéticos, abrindo caminho para a voz rasgada de um jovem Paul Di’Anno cheio de pujança e atitude punk. Ora, punk é algo que muitas vezes se equaciona falar quando o assunto é a estreia dos Iron Maiden em discos. Contudo, não é algo pelo qual Steve Harris seja muito, ou totalmente, apaixonado, desprezando até tudo o que era punk, como conta no episódio sobre a New Wave Of British Heavy Metal da série televisiva “Metal Evolution”. Todavia, a atitude de Di’Anno, a bateria de “Running Free”, a passada ritmada da faixa homónima (uma obrigatoriedade em concertos) e a própria capa do LP obrigam-nos a falar das influências punk no seio dos primórdios de Iron Maiden.
Para além do forte e omnipresente baixo de Harris (um must-have em lançamentos de Maiden), da balada “Strange World” e da instrumental galopante “Transylvania”, destaca-se “Phantom of the Opera” e “Charlotte the Harlot”. A primeira porque é um épico de sete minutos com cabeça, tronco e membros em que se testemunham várias estruturas, belíssimas twin-guitars e uma gravação com três guitarras, uma espécie de premonição para aquilo que realmente aconteceria 20 anos depois com “Brave New World” (2000). E a segunda, sobre uma prostituta, porque se transformou numa saga que continuaria com os futuros temas “22 Acacia Avenue” (1982), “Hooks In You” (1990) e “From Here To Eternity” (1992).
Álbum pioneiro da NWOBHM, com toda a sua energia elevatória e com os seus duelos de guitarra, “Iron Maiden” catapultou o grupo para a Europa, situação sobre a qual a banda se mostrou surpreendida nas palavras de Harris ecoadas na obra literária de Mick Wall: «O prestígio de estarmos tão bem no Reino Unido tornou-se em algo de boca-a-boca, e acabámos em lugares, como Leiden, na Holanda, que nunca tínhamos ouvido falar, e tinham bandeiras enormes à nossa espera (…). Foi surreal.» O melhor ainda estava para vir…

Metal Hammer Portugal
Mörk Gryning “Hinsides Vrede”
Reviews Out 21, 2020
Armored Saint “Punching the Sky”
Reviews Out 21, 2020
Leaves’ Eyes “The Last Viking”
Reviews Out 20, 2020
Mors Principium Est “Seven”
Reviews Out 20, 2020
Nachtschatten: farol no horizonte
Subsolo Out 22, 2020
Throane: um tiro no pé
Subsolo Out 16, 2020
Rïcïnn: dança celestial entre sagrado e obsceno
Subsolo Out 15, 2020
Gatecloser: melodia incontrolável
Subsolo Out 6, 2020