União entre heavy, speed e punk, sendo que o último é brilhantemente incorporado.

Editora: Fighter Records
Data de lançamento: 21.07.2020
Género: heavy/speed metal, punk
Nota: 3.5/5

União entre heavy, speed e punk, sendo que o último é brilhantemente incorporado.

Diz-se para nunca julgarmos um livro pela capa. Muitas vezes é verdade, mas a primeira impressão que se tem de algo passa invariavelmente por aquilo que os nossos olhos absorvem numa instância inicial e instantânea.

Podemos assim relacionar este conceito a Ice War, projecto canadiano liderado por Jo Capitalicide. De facto, a capa deste “Defender, Destroyer” não é do mais atraente e talvez não se enquadre nos padrões de hoje – sim, há capas podres no Séc. XXI, mas isso desculpa-se um pouco mais quando a estratégia é ser-se manual / do it yourself e não digital com pretensões editoriais à escala global (ou pelo menos entre dois continentes).

Adiante! Não julguemos mais a capa, ouçamos a música – e essa é uma valente chapada! Estamos em 2020 e com Ice War voltamos a 1980. Pujante e cru q.b., este quarto longa-duração compreende tudo o que de bom se fez algures entre 1975-1985 no seio heavy metal e punk.

Ao longo de 10 faixas, e tentem ultrapassar a produção menos sofisticada (que, diga-se, acaba por se entranhar), não vais parar de bater o pé (se estivermos sentados) ou não vais parar de fazer headbanging (se estivermos num daqueles bares escuros com cheiro a urina e cerveja – sim, actualmente já somos mais limpinhos, mas quem não gosta dum sítio desses às 3 da manhã?).

Claramente influenciado pela NWOBHM, Ice War também tem muito do heavy metal norte-americano, mais sujo e rijo do que o europeu, na onda duns antigos Manilla Road e de uns contemporâneos Visigoth. Mas o melhor passa mesmo pela união entre heavy, speed e punk, sendo que o último é brilhantemente incorporado. Por exemplo, de um tema-título speedado à Slayer passamos para um punk britânico em “Soldiers of Frost”, em que nem os ‘OH OH OH’ faltam, havendo sempre espaço para referências a Iron Maiden (tanto no ritmo e na melodia como na presença fulgurante do baixo) – e é assim que usufruímos desta pérola do underground dos nossos dias: entre headbanging, entoações de punho no ar e camaradagem poderosa.

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