"Thalassic" é inspirado, dinâmico, técnico e agrega novas influências além das que caracterizam Ensiferum.

Editora: Metal Blade Records
Data de lançamento: 10.07.2020
Género: folk metal
Nota: 4/5

“Thalassic” é inspirado, dinâmico, técnico e agrega novas influências além das que caracterizam Ensiferum.

Ensiferum é uma das maiores bandas do folk metal, misturando elementos de death metal melódico à sonoridade da música folclórica europeia e especialmente a finlandesa. Fundados em 1995 na cidade de Helsínquia, Finlândia, desde então têm conquistado uma evolução contínua a cada trabalho lançado, e o novo álbum “Thalassic” não fica para trás, sendo um dos melhores desde “Victory Songs” (2007) e “From Afar” (2009).

Com um ano que tem sido positivo para Ensiferum, anunciaram em Fevereiro passado a adição de Pekka Montin, o novo teclista e vocalista (cleans vocals), valendo a pena lembrar que é o primeiro teclista da banda desde 2016, quando decidiram trocar o referido instrumento pelo acordeão.

Além das novidades na formação, “Thalassic” marca a história da banda por ser o primeiro trabalho conceptual da carreira, com a origem etimológica da palavra a vir do grego antigo e a significar algo como estar-se relacionado ao mar. Sendo assim, encontraremos diversas histórias que nos transportarão para memoráveis acontecimentos nas praias, costas e mar.

Quanto à questão técnica, é necessário referir que a produção ficou a cargo de Janne Joutsenniemi, que trabalhou com a banda nos clássicos de 2007 e 2009, tendo sido primordial influência para o resultado final.

O trabalho inicia-se com a instrumental “Seafarer’s Dream”, que se desenvolve progressivamente, adicionando elementos da natureza, como o barulho do vento e das ondas do mar, até que os primeiros acordes guitarra começam a soar e o ouvinte ficará mais interessado e imerso. Então, é com a adição das orquestrações que o ápice da introdução do álbum é atingido, preparando-nos para o que está para vir.

Seguidamente, temos uma das faixas mais animadas de todo o disco – “Rum, Women, Victory” –, que demonstra alguns riffs influenciados pelo death metal melódico e, em determinados momentos, até pelo thrash metal americano. Por outro lado, os vocais de Pekka são uma feliz surpresa, pois deram uma nova cara à música, principalmente quando alinhados aos agressivos guturais de Petri Lindroos – não foi à toa que a referida música foi escolhida como um dos primeiros singles de “Thalassic”.

Uma das melhores músicas de todo o álbum é “The Defence of the Sampo”, sobre um artefacto da mitologia finlandesa chamado Sampo. Segundo a Kalevala, o objecto mágico foi construído por Illmarinen, o Deus ferreiro, que trouxe muita sorte ao seu portador, mesmo que ninguém saiba para o que serve. É com inspiração nos contos antigos que a música se desenvolve: o instrumental transporta-nos para as florestas finlandesas, enquanto os vocais guturais de Petri Lindroos e os limpos de Pekka Montin contam a história de um jeito épico. Assim, é perfeitamente perceptível que a adição de Montin foi essencial para a nova sonoridade da banda, pois tornou as músicas mais dinâmicas, épicas e criou uma maior gama de possibilidade musical.

A sequência musical de “One with the Sea” e “Midsummer Magic” tem um dos momentos mais divertidos do álbum, com a primeira a ser mais cadenciada, com um desenvolvimento progressivo e melodias vocais que vão causar arrepios! O refrão é como uma chiclete e vai ficar na nossa mente após a primeira audição. A segunda já é totalmente diferente – mais animada e, com certeza, será uma das canções presentes na digressão de promoção a este novo álbum. Os seus pontos mais altos são os coros e um ambiente tradicional de taverna – perfeito para saborear o melhor hidromel da região.

Para o agrado dos fãs mais antigos, temos finalmente uma continuação das histórias de Väinämöinen, o que está presente na faixa “Cold Northland (Väinämöinen Part III)”, que, com seus aproximados e épicos 9 minutos de duração, encontramos todos os elementos que tornaram a banda uma das maiores da história da Finlândia e do folk metal mundial.

“Thalassic” é definitivamente um dos melhores trabalhos da banda e possivelmente o melhor desde “From Afar” (2009). As músicas são inspiradas, dinâmicas, técnicas e agregaram novas influências além das que caracterizam Ensiferum. É impossível encontrar uma música má e os finlandeses conseguiram criar uma obra-prima com muita primazia.