Enshadowed “Stare Into The Abyss”
Reviews 22 de Junho, 2020 Filipe Pinto

Editora: Odium Records
Data de lançamento: 30.06.2020
Género: black metal
Nota: 4/5
Os Enshadowed apostam numa linha mais directa e in your face, conseguindo um resultado final bastante promissor.
Olhando para a capa e para o título, sabemos logo ao que vamos com o regresso desta banda grega aos discos. Mas foi necessário fazer um bom refresh, não só pela distância temporal de “Magic Chaos Psychedelia”, de 2013, mas também pelas roupagens com que foram revestindo o seu black metal ao longo de duas décadas de carreira.
Com “Stare Into The Abyss” existe uma aproximação aos seus primeiros trabalhos, as demos lançadas nos finais dos anos 1990, em que as antenas estavam direccionadas para a Escandinávia. Os sete temas que compõem este registo são, assim, mais crus e directos, derivando do exercício mais complexo de “Magic…”, em que a todo o momento há pormenores a surgir, camadas de guitarras por todo o lado ou um trabalho de bateria muito bom, mas que no cômputo geral acaba por soar um pouco embrulhado demais com tanta informação a fluir. Aqui, são 35 minutos certinhos de frieza e podridão na dose certa – ou seja, muita e de grande qualidade, sempre com o blast-beat em linha de mira, tremolo picking a rodos num um piscar de olho bem convincente a guitarras mais dissonantes e Serpent a fazer lembrar Attila Csihar nalguns momentos mas sem uma grande parte da teatralidade.
A primeira metade do álbum é de elevada qualidade (e velocidade), fechando com “Blackend Mouth Of Despair”, que pode bem resumir toda a fórmula e linha de montagem de “Stare…”, apesar de principiar numa toada mais lenta, desembocando no corrupio gélido do blast e do tremolo perto do final. “Beyond The Knowledge Of Truth” é outra das malhas de fazer levantar a sobrancelha, com um riff esmagador num ritmo desenfreado e a tresandar a 90’s feeling. Se as coisas terminassem com “Blackend…”, arriscaríamos a dizer que era um dos trabalhos para abeirar-se do top 10 deste ano, mas “Divide You Fall” ou “A Form Of Agony” não conseguem manter a fasquia no nível elevado dos temas anteriores, embora a composição não ofereça mácula. Talvez sejam os temas mais próximos de “Magic…” e não consigam transmitir tão bem a visceralidade até então escutada. Mas são momentos onde se distingue um trabalho de baixo muito assinalável, por exemplo.
Com este álbum, os Enshadowed acabam por dar mais um pequeno twist ao seu som, apostando numa linha mais directa e in your face, conseguindo um resultado final bastante promissor. Portanto, quem não quiser ou estiver cansado de projectos demasiado pretensiosos dentro do género, tem aqui uma boa alternativa. Certinho, rapidinho e feiinho.

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