“Necroceros” é um smasher autêntico que fortalece a ideia de que os Asphyx são, de facto, uma das bandas mais importantes...

Editora: Century Media Records
Data de lançamento: 22.01.2021
Género: death metal
Nota: 4/5

“Necroceros” é um smasher autêntico que fortalece a ideia de que os Asphyx são, de facto, uma das bandas mais importantes do death metal – e não vêm de Gotemburgo, nem de Tampa. Se queres aprender alguma coisa sobre death metal em 2021, então ouve “Necroceros”!

Com a pandemia e consequente quarentena, os Asphyx só encontraram uma solução: entrar urgentemente em estúdio e começar a gravar todo o material que já se tinha pensado e juntado para um novo álbum. Com todo o tempo do mundo, e alguns percalços pelo meio (Paul Baayens teve de regravar as suas guitarras), estes veteranos holandeses dão o tiro de partida para 2021 com um bastardo oriundo de outros mundos chamado “Necroceros”.

Décimo álbum numa carreira iniciada em 1987 (com um hiato pelo meio de 1996 a 2007), os Asphyx inauguram este trabalho como um álbum de death metal deve começar – por outras palavras, “The Sole Cure Is Death” é metal da morte directo na cara, sem espinhas, com tudo o que lhe é devido: guturais energéticos, riffs de bradar aos céus, bateria nuclear.

Para além da veia doom metal que conhecemos em Asphyx – que se vai sentido aqui e ali com segmentos mais arrastados, pesados e despidos de melodia –, somos também brindados com influências descaradas em gigantes de culto como Bolt Thrower, algo que se pode ouvir na segunda “Molten Black Earth”, uma das melhores faixas, com uma atitude que impõe respeito, passagens rasgadas, ritmo super coeso e ganchos bélicos.

Até agora, tudo bem – “Necroceros” apresenta-se forte, com rumo e mestria inerente ao estatuto de veteranos, mas não se fica por aqui. Entre momentos já expectáveis (normal e sem problemas) e outros de fazer arregalar os olhos, este álbum acaba por ser uma caixinha de surpresas que vai brotando as suas novidades aos poucos. Porquê? Já falámos na faceta doom metal do grupo, mas escondemos propositadamente o que melhor daí vem – e o melhor acontece em “Three Years of Famine” e “In Blazing Oceans”. O que há de especial nestas duas músicas tem a ver com a forma como os Asphyx vão up em vez de down no que toca à ala doom metal, criando dois temas épicos que vão crescendo lentamente até ao seu pico melódico, como se Iron Maiden meets At The Gates. Conheças ou não Asphyx, vais aplaudir – ou assim esperamos.

Mas calma, total limpeza sonora (havendo uma interessante dicotomia entre guitarras ruidosas, rugidos crocantes e percepção geral muito equilibrada) ou implementação de suavidade não são expressões sinónimas de Asphyx, por isso também encontrarás desenvoltura veloz e destruidora em faixas como “Botox Implosion” e “The Nameless Elite”.

“Necroceros” não é o último grito do death metal, nem é o álbum inovador que podes querer neste momento, mas é um atestado de lealdade e honestidade. A simplicidade, quando usada inteligentemente, é uma arma letal que arruma com qualquer complexidade ou pretensão. Afinal, os Asphyx andam aqui há mais de 30 anos, sabem o que fazem! “Necroceros” é um smasher autêntico que fortalece a ideia de que os Asphyx são, de facto, uma das bandas mais importantes do death metal – e não vêm de Gotemburgo, nem de Tampa. Se queres aprender alguma coisa sobre death metal em 2021, então ouve “Necroceros”!