Brittney Slayes (Unleash the Archers): “Música deve causar uma impressão profunda para que nunca queiras parar de a ouvir e de sonhar”
Entrevistas 3 de Dezembro, 2019 Diogo Ferreira

Formaram-se em 2007, mas foi o ano de 2015, com o álbum “Time Stands Still” e com o acordo firmado com a Napalm Records, que fez com que os Unleash the Archers saltassem para a ribalta. “Apex” é o longa-duração mais recente (2017) e foi a carismática vocalista Brittney Slayes quem, há cerca de dois anos, forneceu à extinta Ultraje Magazine informação sobre esse momento vigoroso no seio da banda.

Temos observado a ascensão dos Unleash the Archers e já conquistaram uma posição. Algum factor-chave para este sucesso?
Trabalho árduo e paciência! Já não há aquela coisa de sucesso da noite para o dia, agora tens de aprender na hora e construir a tua base de fãs de cidade em cidade. Honestamente, o tempo passou tão rápido, [mas] continuamos a fazer a música que amamos e espero que os fãs continuem a adorar ouvir-nos. Vamos continuar a esforçar-nos até ao máximo das nossas habilidades e tudo o que daí vier é suficientemente bom para nós. Sucesso é apenas um bónus!
Os fãs têm sido uma grande ajuda, não?
Claro! Não estaríamos aqui sem os nossos fãs. Não tínhamos razão para acordar todos os dias! [risos] Os fãs têm sido extremamente importantes, impulsionam-nos pelas digressões mesmo quando estamos cansados e doridos, apoiam-nos com a compra de material mesmo quando não temos nada de novo – não é um exagero dizer que não existiríamos sem eles! Tento sempre comunicar o mais abertamente possível com eles, portanto se me virem não hesitem em vir falar!
Ouvindo apenas uns segundos percebemos que há uma grande química entre todos os músicos. É um dos factores mais importantes para que soem tão consistentes e coerentes?
Creio que sim. O nosso estilo de composição permite que todos escrevam as suas partes e que tenham algo a dizer no arranjo de cada faixa, embora isso possa ser um detrimento se um dos membros não tiver tempo para escrever uma parte relevante ou se trouxer algo que não seja original. Temos a nossa quota-parte de mudança de membros, e essas mudanças são definitivamente reflectidas em cada álbum; mas acho que encontrámos um som que funciona para nós. Temos muita paixão e dedicação por Unleash the Archers, isso percebe-se no novo disco e acho que vai continuar assim nos próximos álbuns!
Dir-se-á que “Apex” é muito dramático, por vezes cinemático. Concordas?
Sim, concordo, mas apenas porque escrevemos propositadamente para que seja emocionalmente coeso, uma vez que é um álbum conceptual que conta uma história linear. Escrevi cada faixa como se fosse um capítulo, descrevendo que parte da história estava a ser contada e também como a canção devia soar e fazer o ouvinte senti-la. Depois, os rapazes pegaram nesse esboço e compuseram à volta disso. Às vezes traziam uma malha para improvisar e diziam ‘penso que isto dava para a faixa 7’, eu ouviria e depois dizia sim ou não, ou sugeria que talvez funcionasse melhor noutra canção. Ter estas directrizes para se compor faz com que tenhamos a certeza que cada canção tem um propósito dedicado e uma direcção mesmo antes de ser escrita – é por isso que acho que este álbum tem uma qualidade cinemática. Funcionou muito bem, portanto é possível que continuemos a fazer álbuns desta maneira!
Diríamos que a base é heavy metal, mas há incursões ao death e power metal. Quão rapidamente perceberam que tinham de ser originais para ter sucesso?
Não gostamos de nos limitar com géneros específicos ou com fronteiras de sonoridade onde não conseguimos ir, portanto não foi tanto um objectivo mas uma ocorrência natural para o nosso som adoptar vários estilos. Música e bandas diferentes influenciam cada um de nós; então, todos incorporamos as bandas que gostamos na nossa música. Não há regras, não há tabus. Por que não misturar um pouco de death com power? Ou adicionar um toque de rock aqui e ali? Originalidade é importante para o sucesso mas a paixão também é, por isso escrevemos canções que sejam divertidas de tocar e nunca temos medo de experimentar ou tocar com técnicas que nunca tentámos antes. Não nos limitamos uns aos outros e estamos abertos a todas as ideias!
Talvez estejamos a ser tendenciosos devido ao clip da “Cleanse The Bloodlines”, mas ao ouvir a banda imaginamos gelo e montanhas (com um pouco de fogo pelo meio). Quão importante é exprimir uma imagem ou uma paisagem através de som numa banda como a vossa?
[risos] É bem possível que o clip tenha influenciado, ou talvez o facto de sermos canadianos? Adoro música que me leve a lugares fora daqui. O mundo real pode ser complicado, portanto se uma canção conseguir transportar-me para outro espaço e tempo irei de bom grado. Penso que é muito importante que a música conjure imagem dentro da cabeça, deve fazer com que a tua imaginação vagueie, deve inspirar emoção verdadeira e penetrante. Doutra forma que impacto teria? Irás relembrar-te? Vais querer ouvir vezes sem conta? Música de fundo é apenas isso: banal e desinteressante. Música deve causar uma impressão profunda para que nunca queiras parar de a ouvir e de sonhar…
-/-

Álbum: “Apex” (2017)
Editora: Napalm Records
Data de lançamento: 02.06.2017
Género: heavy/power metal
Nota: 3.5/5
Em ascensão, esta banda já reina no seu país-natal, o Canadá, e aos poucos vai conquistando o resto do mundo. Com um heavy metal energético e directo ao assunto, os temas e sonoridade mostram quão consistentes são a debitar música, dando mesmo aquela sensação de que até podem tocar de olhos vendados e em salas diferentes que o resultado final vai ser sempre enorme. “Apex” está repleto de leads e riffs orelhudos que complementam a poderosa voz de Brittney Slayes, mas o disco também vive dalgumas incursões ao death metal melódico, especialmente devido à adição de growls talvez desnecessários – podiam ficar-se pelo heavy metal imensamente musculado. Com uma produção robusta e destinados a serem originais, estes canadianos devem apitar em todos os radares.

Metal Hammer Portugal

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