À semelhança de Trump ou Kim Kardashian, foi, desta feita, King Diamond a rebentar com a Internet com um post onde anuncia que os...
Foto: cortesia Metal Blade Records

À semelhança de Trump ou Kim Kardashian, foi, desta feita, King Diamond a rebentar com a Internet com um post onde anuncia que os Mercyful Fate vão em breve sair da cripta para encabeçar o festival Copenhell em Junho de 2020, na Dinamarca (de onde a banda é oriunda) e de outros potenciais concertos.

Apesar da reunião ter sido rotulada como a da formação clássica, a ausência de Michael Denner deixará os fãs mais hardcore algo desapontados dado que a dupla Shermann-Denner é, sem dúvida, responsável pela criação de alguns dos mais icónicos riffs do heavy metal. Ninguém estava à espera desta ausência, uma vez que, em 2004, Denner já havia participado no projecto Force of Evil com Hank Shermann, nas regravações de “Evil” e “Curse of the Pharaohs” para inclusão no jogo “Guitar Hero: Metallica” em 2008, e ainda no 30º aniversário dos Metallica em 2011.

Já passaram 20 anos desde que “9” foi editado, com Mike Wead (guitarrista da banda a solo de King Diamond) a substituir Denner; contudo, os espectáculos anunciados vão centrar-se nos dois primeiros álbuns, aclamados pela crítica e pela legião de metaleiros como marcos no género – mas também por novo material escrito na veia destes dois primeiros registos.

Por vezes, as bandas anunciam este tipo de iniciativas onde tentam revisitar um certo período da sua história; o próprio Shermann anunciou isso mesmo quando lançou Force of Evil, mas o álbum epónimo, apesar de forte, acabou por não causar a mossa prometida e não permitiu uma grande longevidade à banda, que poucos anos mais tarde se separou.

Mercyful Fate tem sido um item constante no topo das listas de reuniões mais desejadas pelos fãs do heavy metal clássico. O material dos álbuns a solo de King Diamond é bastante diferente do material criado no âmbito da banda, e o vazio entre eles nunca foi preenchido. Nem sempre este facto se verifica – e recentemente os Immortal provaram que é possível haver uma separação (Abbath abandonou a banda norueguesa para encetar uma carreira a solo) com ambas as partes a manterem-se activas e com lançamentos poderosos.

Mas, geralmente, estas separações não produzem bons resultados para os fãs… Como é exemplo Agalloch, Necrophagist ou Led Zepellin, que insistentemente ignoram os inúmeros apelos de reunião levados a cabo pelos seus fãs, que anseiam por mais música, enquanto os elementos principais das bandas ainda se encontram vivos e capazes de a produzir. A recente morte de Vinnie Paul demonstra como essa possibilidade não está disponível para sempre, e constituiu o prego final no caixão da reunião de Pantera, que ao longo dos últimos 15 anos vinha a ser incondicionalmente requisitada, com Zakk Wylde, possivelmente o único guitarrista com técnica e autoridade moral para subir a palco com os restantes elementos e homenagear o seu grande amigo Dimebag Darrell (abatido em palco em 2004).

Felizmente existe um enorme número de exemplos de reuniões que enchem todas as medidas, como Carcass em 2013 com “Surgical Steel”, Celtic Frost em 2006 com “Monotheist” ou Black Sabbath em 2013 com “13” – que permitiram às respectivas bandas recuperar a ligação com o público e reconquistar o seu espaço no espectro do metal. Mas nenhuma destas reuniões foi tão surpreendente como a de Misfits em 2016, que nos mostrou como Glenn Danzig e Jerry Only foram capazes de resolver as suas diferenças para celebrar o seu legado com os fãs, enquanto isso ainda é possível; ou a de Guns N´ Roses em 2016, em que Axl Rose e Slash repararam os escombros da sua relação, resultado de uma violenta guerra aberta na imprensa durante anos, para levar a cabo a sua “Not in this Lifetime… Tour”, umas das digressões mais bem-sucedidas dos últimos anos, que lançou as fundações para um muito antecipado álbum de originais, que se especula vir a ser editado no próximo ano.

Os factores financeiros são também um dos maiores impulsionadores das reuniões, sendo Led Zeppelin o exemplo mais flagrante de que nem sempre tudo tem um preço, já que no ano passado a banda terá recusado 14 milhões de dólares para subir uma última vez ao palco do Desert Trip – um dos festivais mais abastados dos Estados Unidos da América.

Há também situações onde bandas se desactivaram, reunindo ocasionalmente para espectáculos ao vivo, como Emperor ou System of a Down. Ou bandas que hibernam durante longos períodos, apenas para regressarem em força máxima com álbuns intensos e marcantes, como At the Gates, Sleep ou Tool. Estes últimos anunciaram para o final deste mês a edição do seu tão antecipado quinto álbum, que certamente nos manterá ocupados durante tempo suficiente para mais um sem número de bandas anunciarem a sua dissolução ou reunião.

Resta-nos então entrar em contagem decrescente para Junho do próximo ano, exumar “Melissa” e “Don’t Break the Oath”, e redescobrir toda a genialidade destes dinamarqueses que influenciaram praticamente toda a gente com a sua revolucionária inovação, atitude e garra!

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