Ulcerate “Stare into Death and Be Still”
Reviews 18 de Abril, 2020 Diogo Ferreira
Editora: Debemur Morti Productions
Data de lançamento: 24.04.2020
Género: death/black metal
Nota: 4/5
Uma torrente de atípico caos ordenado é emanada por um intenso, aflitivo e meticuloso disco.
Quando os Ulcerate anunciaram o regresso aos álbuns após quase quatro anos do último lançamento “Shrines of Paralysis”, as redes sociais rejubilaram com a partilha do single. Será caso para tanto? Cremos que sim. Ulcerate pode até nem ser uma banda de primeira linha, até porque a sua sonoridade é tudo menos amigável, mas apresenta um forte nicho de seguidores.
Assim, em 2020 chega a vez do sexto álbum “Stare into Death and Be Still”, que nos oferece não só o som próprio de Ulcerate mas também de uma região, pois o metal extremo oriundo da Nova Zelândia tem uma aptidão muito particular para soar profundo, cavernoso, húmido e claustrofóbico.
Sem margem para qualquer erro, a novidade dos austrais oferece-nos um auge emocional que tanto é obsceno como sedutor – não é o fruto proibido o mais apetecido? Correndo-se o risco de soar tudo igual, devido especialmente à densidade de fundo, “Stare into Death and Be Still” é para se ouvir em isolamento e com uma atenção redobrada. Contudo, e para combater a paisagem de fundo pestilenta e espessa, a omnipresente guitarra lead actua na frente com esmerada devoção ao envolver-nos em melodias dissonantes e em espiral, originando assim criações pouco, ou nada, ortodoxas que estão muito em voga no panorama do black metal atmosférico e cósmico.
E se apenas as guitarras já consumam a experiência sensorial atrás referida, a voz autoritária e maligna de Paul Kelland e a bateria trabalhadora e algo original de Jamie Saint Merat expõem ainda mais a torrente de atípico caos ordenado emanada por este intenso, aflitivo e meticuloso disco.
Tematicamente, as letras abraçam por completo a ala musical, explorando-se conceitos que reverenciam a morte ao traçar-se uma narrativa baseada em experiências pessoais que pretende provar que a morte e a tragédia nem sempre são repentinas e violentas. Sofrer é uma arte.
Apesar de longo para os padrões que conhecemos hoje, “Stare into Death and Be Still” é sinónimo de várias audições, mas será sempre preciso respirar um pouco – não sejamos sôfregos, porque para perder o ar já basta a vaga tumultuosa do disco, cuidemos da melhor música, e de nós, da melhor maneira: ouve, deixa assentar, digere o impacto do que acabaste de ouvir durante a última hora e dá mais uma oportunidade ao outro dia e depois e mais além. A experiência será sempre e cada vez mais enriquecedora.

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