Terra Brasilis: inspirados em filmes de horror, os Final Disaster trazem um som moderno, agressivo e denso
Artigos 25 de Junho, 2020 Jéssica Mar


Final Disaster é uma banda de São Paulo, cidade que abriga diversas bandas do Brasil, e o vocalista Kito Valim, que sempre gostou de vários estilos de música diferentes, decidiu criar um projecto em que fosse livre para criar, sem se prender a rótulos. Sem pensar num estilo, criou em 2013 uma das bandas que tem sido destaque no metal brasileiro. A formação que conta com Kito Vallim (voz), Deborah Klaussner (voz), Daniel Crivello (guitarra), Rodrigo Alves (guitarra), Felipe KBÇA (baixo) e Bruno Garcia (bateria), busca no fundo da mente humana influências mais obscuras e agressivas para fazer a sua música. Referindo-se a esses temas obscuros e intensos da psique humana, a banda referencia-se à cultura do horror para se expressar.
A ideia de criar um som sem muito compromisso perante certos subgéneros do metal é muito difícil. É inevitável que o público rotule a banda, que hoje pratica um som versátil, entre o metal gótico, metal melódico e metal alternativo. «É muito importante que haja coerência entre a proposta temática e a sonoridade da banda. Praticamos um som moderno, agressivo e denso. Procuramos criar tensão na nossa música, pois estamos sempre a falar de obras de terror – sejam livros, filmes, jogos ou lendas urbanas. Então, o nosso som precisa de traduzir isso. Sonoramente, diria que o som de Final Disaster agrega diversas influências de melodic death metal, thrash metal, industrial, gothic, death metal e muitas outras coisas. Algumas das nossas principais influências são Testament, Soilwork, Dark Tranquillity, Disturbed, Rammstein, Led Zeppelin, Infected Rain e Pantera. Dava para escrever um livro com a quantidade de bandas que nos influencia. No perfil de Final Disaster no Spotify, criámos a playlist Final Disaster Inspirations que tem as diversas músicas que nos inspiram ou que apenas gostamos de ouvir e que acabam, indirectamente, a influenciar-nos. Aí dá para se ter uma noção maior do tamanho da mistura.»
A banda é conceptual a partir do momento em que aborda o horror como principal fonte de inspiração. E estão a trabalhar na gravação do primeiro longa-duração, que poderá ser considerado especialmente conceptual por contar uma história ao longo das músicas. A banda citou alguns singles já lançados e que estão no novo disco, além do processo de composição. «Nos quatro singles deste álbum já é possível ter-se um vislumbre da história que ainda vai desenvolver-se ao longo das oito músicas restantes. Todos na banda ajudam na criação das músicas, e as diferentes influências são o principal ingrediente do nosso som. Os conceitos e letras são desenvolvidos por mim com ajuda da Deborah.»
Os Final Disaster também lançaram um curta-metragem, algo inovador no cenário brasileiro. «Quando lançámos o nosso EP em 2017, a ideia era trabalhar visualmente todas as quatro músicas. Mas não queríamos limitar-nos a formatos tradicionais de vídeo. Então, decidimos que uma das músicas seria um curta-metragem. É uma animação em 3D e todo o texto do filme é a letra da música. A ideia é explorar um pouco mais a parte conceptual das nossas músicas, contar a história por trás dos riffs. Esse curta-metragem conta uma história que se liga com o que é mostrado no clip de “The Dark Passenger” e que vai ser explorado mais a fundo no nosso álbum, que deve ser lançado ainda este ano. Existem também, nos dois vídeos, alguns easter eggs referentes a músicas passadas ou futuras!»
Começar uma banda de metal é difícil. No Brasil podemos dizer que é um pouco mais difícil, visto a quantidade de bandas que temos, mas os Final Disaster explicaram como é ter uma banda de metal e reverberar. «Ainda estamos longe de nos considerarmos uma banda grande, mas já temos visto algumas reacções que nos animam muito. Números nas plataformas de streaming indicam públicos razoáveis em países que nem pensávamos que o nosso som faria qualquer tipo de sucesso, como México e Filipinas, e os vídeos no YouTube têm muitos comentários. Então, estamos a começar a fazer algum barulho! Acho muito maluco quando vou conversar com algum músico que admiro e recebo de resposta: ‘Ah, eu sei quem és.’ São sonhos que vão sendo realizados dia após dia e esse movimento tem sido exponencial. Então, é uma emoção muito grande ver algo que começou do zero conseguir o espaço que temos conseguido. É muito gratificante!»
Devido à pandemia do novo coronavírus, a banda encontrou estratégias para se manter activa, criando conteúdos interativos nas redfes, livestream de jogos de terror, listas com filmes de terror e álbuns de bandas que abordam o tema. «Temos criado conteúdo para deixar o público mais antenado sobre tudo o que está à volta da nossa forma de criar música. Nesse meio tempo, começámos a gravar o nosso EP acústico que vai ser lançado digitalmente. “Unplugged (From The Rest of The World)” vai contar com três versões acústicas e uma música inédita, uma homenagem que precisávamos fazer.»
A pandemia também atrapalhou os planos de tocar fora do Brasil. «Ainda não tocámos fora do país. Temos vontade e temos planos que vêm sendo orquestrados desde o ano passado, mas, com a pandemia, vamos ter que reorganizar algumas coisas. É difícil mencionar um país ou outro. Tenho muita vontade de tocar em todos os lugares possíveis, mas, analisando racionalmente, tenho muita vontade de visitar o México. Temos, nas plataformas digitais, números bem impressionantes; não só lá, mas em diversos países do língua latina, apesar de cantarmos primordialmente em inglês, por isso gostaria de visitar Chile, Argentina, Peru, Honduras, Portugal e Espanha.»
«Após a pandemia, vamos fazer mais e mais músicas. Após o lançamento do nosso EP “Unplugged (From The Rest of The World)”, vamos participar em alguns festivais online para divulgação do trabalho e voltar a focar-nos na gravação do nosso álbum. Queria pedir para às pessoas para nos seguirem nas no Facebook e no Instagram, de modo a acompanharem-nos conforme formos lançando notícias, porque, apesar de não estarmos na estrada, estamos muito activos e cheios de novidades para apresentar!»

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