Por que é que Dimebag Darrell é o maior herói da guitarra do metal moderno
Artigos 20 de Agosto, 2020 Metal Hammer

«Dime era um líder»: Tony Iommi, Zoltan Bathory e Matt Heafy saúdam o lendário guitarrista dos Pantera, Dimebag Darrell.

Dimebag Darrell não era apenas um músico fenomenal – era um revolucionário. Como a maioria dos grandes guitarristas da história do rock, Dimebag tocava como se a guitarra fosse um membro mágico vestigial, com a própria essência do seu ser derramado de dentro dele como um conjunto desconcertante de riffs eternos e breaks espasmódicos.
Exerceu um poder e influência incomensuráveis sobre toda a cena metal durante a sua carreira, marchando alegremente em território desconhecido uma e outra vez. Ao contrário da maioria das bandas de metal modernas comparáveis, os Pantera simplesmente não precisavam de um segundo guitarrista – Dime conseguia fazer tudo, e fazia isso tudo com uma verve e intensidade que nos deixava sem fôlego.
Mas para além dessa capacidade infalível de encantar e emocionar os fãs, Dime também conquistou o respeito e a admiração dos seus pares e até mesmo de quem o inspirou a pegar numa guitarra, incluindo a lenda dos Black Sabbath, Tony Iommi.
«Os Pantera tocaram connosco em várias digressões do Ozzfest», diz Tony. «Víamo-nos muito. O Dimebag era um gajo adorável e um excelente guitarrista. Era um líder no seu estilo de música, além de ser um excelente escritor.»
«Geralmente temos um guitarrista solo icónico ou um guitarrista rítmico icónico, e o Dimebag era um mestre absoluto em ambos», diz o homem das seis cordas de Five Finger Death Punch, Zoltan Bathory. «Era isso que o tornava tão especial. Também foi o gajo que inseriu o groove no heavy metal. Era ouvi-lo a tocar e pensar: ‘Merda, há mais qualquer coisa a acontecer!’ Ao vivo, ele saltava de um amplificador e continuava a tocar enquanto trocava os pickups no ar e operava o whammy. Fazia isso tudo. Esse era o seu poder.»
Nos primeiros anos de formação dos Pantera, Dime permaneceu muito cativo dos álbuns de Kiss, Van Halen e Judas Priest, que o inspiraram a seguir uma carreira de estrela do rock. Mas mesmo naqueles álbuns pré-Anselmo um tanto ingénuos, há uma forte sensação de que o comando naturalista do guitarrista quanto ao seu instrumento estava a evoluir para uma força imparável.
No momento em que os Pantera alcançaram a descoberta criativa e comercial de “Cowboys from Hell”, Dime tinha-se livrado das suas primeiras influências e parecia estar a redefinir o metal sozinho, infundindo a sua potência de tocar com incontáveis truques e peculiaridades sem precedentes ao libertar aqueles riffs marcantes e solos através do seu fiel amplificador Randall Century 200 e a expandir agressivamente o vocabulário sónico do metal a cada passo do caminho.
«Dimebag personificava todas as coisas que um guitarrista verdadeiramente completo deveria ser», diz Matt Heafy, dos Trivium. «O ritmo de execução pode ser mínimo e cativante ou técnico e alucinante. A sua forma de tocar leads era tão sincera e melódica que podias cantarolar, mas também era de fazer cair o queixo por causa da técnica revolucionária. Ele tinha uma habilidade incrível para criar canções monumentais. E não são apenas bandas de metal que são inspiradas por ele. Dá para ouvir a influência de Dime em cada break nas bandas de hardcore ou metalcore, dá para sentir os seus solos em todas as bandas de rock que tentam utilizar os bends do rock sulista inspirado no blues, e ouvimo-lo em todas as bandas de metal que tentam imitar o seu thrash híbrido. Dimebag está em todo lado.»
O início dos anos 1990 foi uma época de grandes incertezas no metal. Tirando o triunfo do “Black Album” dos Metallica, o nosso mundo estava num estado de fluxo e com extrema necessidade de um herói para liderar o ataque ao futuro.
Dime providenciou esse serviço vital com um toque despreocupado, tornando o metal de massas muito mais pesado do que nunca, enquanto exibia sempre um dom sublime para escrever riffs esmagadores e partes melódicas que eram tão memoráveis como inventivas.
Acima de tudo, o som da guitarra de Dime desencadeou uma revolução própria, abrindo caminho para o som de praticamente todas as bandas de metal para as massas que se seguiram na sequência imperiosa dos Pantera. Mas para além dos detalhes técnicos do estilo de tocar, Dime também era um showman consumado – uma verdadeira estrela do rock tridimensional, com sangue vivo, que dominava o palco com suprema confiança.
«Ele teve uma grande influência em toda a gente», diz o guitarrista dos Alter Bridge, Mark Tremonti. «Dime e Zakk Wylde eram os dois maiores guitarristas de rock comercial da época. Perder o Dimebag foi tirar-nos um dos dois ou três melhores guitarristas da altura. Existem muitos guitarristas desconhecidos a tocar nos seus quartos, mas poucos andam por aí a fazê-lo e a encher arenas. A sua perda fez desaparecer algo da cena da guitarra. Ele não te deixava ficar sentado e a sonhar acordado num concerto. Ele acordava-te a cada dois segundos. Ele era um guitarrista muito entusiasmante. Ele era selvagem.»
Por mais original que fosse, claro que ainda havia traços de clássico e thrash metal em músicas como “Domination” e “Cemetery Gates”, mas, em vez de seguir as regras da guitarra metal, Dime tocava de uma maneira que sugeria um desrespeito feliz pelas limitações e uma adoração pelas infinitas possibilidades da música.
Quando os Pantera gravaram “Vulgar Display of Power”, Dimebag estava a surfar uma onda imparável de inspiração criativa. Do esmagamento devastador de “Mouth for War” e “Walk” à extravagante complexidade de “Hollow”, esse álbum compreendeu uma enxurrada contínua de golpes de mestre indutores de arrepios que ressoam com poder carismático até hoje, e o mesmo pode ser dito de tudo o que é Pantera no pós-“Cowboys…”. O legado de Dimebag é vasto e a música que ele fez viverá para sempre.
«O heavy metal nasceu basicamente na Europa e tem uma onda europeia, que vem da música clássica», observa Zoltan. «Mesmo que não gostes de música clássica, não podes deixar de ser influenciado por ela. Mas o Dimebag mijou na teoria musical… Ele não queria saber. Como Eddie Van Halen e Jimi Hendrix, Dimebag apenas tocava o que sentia. Se nunca o viram tocar, então perderam a magia.»
Consultar artigo original em inglês.

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