Fundados em 1988 e considerados pioneiros do death/doom metal britânico, formando mesmo um posterior triunvirato com Anathema e My Dying Bride, os Paradise Lost...

Fundados em 1988 e considerados pioneiros do death/doom metal britânico, formando mesmo um posterior triunvirato com Anathema e My Dying Bride, os Paradise Lost cedo começaram a dar nas vistas não só pela abordagem musical às custas de uma juventude cheia de criatividade mas também devido à rápida evolução sonora que construíram logo nos primeiros cinco álbuns.

O debutante “Lost Paradise” (1990) continha as primeiras ideias, “Gothic” (1991) demonstrava os trilhos certeiros que queriam percorrer no death/doom metal, “Shades of God” (1992) e “Icon” (1993) começavam a apresentar as primeiras mudanças mais radicais de uma sonoridade que caminhava de mão dada com aquilo que seria conhecido como dark metal.

Todavia, é o quinto longa-duração “Draconian Times” (1995) que muda o jogo por completo, com uns Paradise Lost a mandarem-se sem medo para os territórios do gothic e alternative rock numa altura em que os Tiamat já davam cartas com “Wildhoney” (1994), os Samael tinham lançado “Ceremony of Opposites” (1994) e os Moonspell surgiam com “Wolfheart” em Abril de 1995.

Composto pelo guitarrista Gregor Mackintosh e com letras de Nick Holmes, “Draconian Times” bebia também do grunge, que já se transformava em post-grunge, com temas sempre melódicos, alternativos ao metal mais ortodoxo e extremo e com um piscar de olho ao mainstream, como se testemunha com o single “The Last Time”.

Outro ponto de viragem passa pela opção vocal limpa e, por vezes, grave de Nick Holmes que, sem berros, mostrou-se ser um vocalista muitíssimo talentoso com trejeitos de, imagine-se, James Hetfield (Metallica) – e se dúvidas há, ouça-se “Hallowed Land” e “Elusive Cure”.

Icónico é também o sample de Charles Manson que se ouve em “Forever Failure”, uma das músicas mais conhecidas deste disco e que representa muito bem a sempre existente noção de desespero desta banda.

Havendo ainda espaço para composições mais up-beat (“Once Solemn” e, parcialmente, “Yearn For Change”), a banda de Halifax não pôs completamente de parte o doom metal, ainda que modernizado e alternativo, como se verifica em faixas como “Shades Of God” e “Hands Of Reason”.

Num conceito musical, que era arrojado e inovador para a época, e lírico, que deambula entre aflição, falsa calma e esforço hercúleo para uma determinada superação pessoal, “Draconian Times” é um álbum de audição obrigatória que ajudou a definir novas sonoridades e que pode ser considerado uma das últimas preciosas pérolas do metal/rock dos anos 1990.

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