Os Moonspell são agora uma referência mundial do metal gótico e estão entre os grandes da indústria. No entanto, todo este... Moonspell “The Butterfly Effect”: experimentalismo ao rubro

Os Moonspell são agora uma referência mundial do metal gótico e estão entre os grandes da indústria. No entanto, todo este sucesso teve um início que, apesar de ter sido difícil, permitiu ao grupo português alcançar uma posição de renome. Em 1999, Fernando Ribeiro & Cia. lançam um dos mais polémicos discos da sua carreira: “The Butterfly Effect”.

Após dois discos demarcados pela obscuridade musical de um metal gótico cheio de qualidade (“Wolfheart” de 1995 e “Irreligious” de 1996), em 1998 o grupo decide mudar o rumo e lançar “Sin/Pecado” que iniciou um percurso de dois anos pela música alternativa. Com “The Butterfly Effect” esse rumo é ainda mais definido, com o quinteto a explorar o metal industrial e a música electrónica. As duas primeiras faixas são, na verdade, as que mais mantêm algum do passado da banda, com “Soulsick” e “The Butterfly Fx” a serem os temas mais importantes deste longa-duração. Neste quarto lançamento, é óbvia a presença de várias músicas de curta duração, com três minutos e pouco, sobretudo demonstrando muitas das variações musicais dos estilos supramencionados, com destaque para “Soulitary Vice”, “I Am The Eternal Spectator” e “Lustmord”. Uma característica em todo o álbum é a coexistência de melodias brandas com letras violentas, inspiradas na Teoria do Caos.

“The Butterfly Effect” adensa-se no seu experimentalismo, incluindo elementos de electrónica e componentes leves de músicas do mundo, com a introdução de instrumentos e arranjos mais primitivos e que são muito utilizados neste tipo de género. Excelente exemplo disso mesmo é “K”, a longa faixa de 12 minutos que começa de forma primitiva e termina de forma aterradora e caótica com claros elementos de música industrial.

O disco de 1999 é muitas vezes esquecido pelos fãs e pela crítica. Não é um álbum cujos temas sejam tocados ao vivo, nem o público parece querer que tal aconteça. Estas décadas demonstram a longevidade da maior banda portuguesa de todos os tempos. “The Butterfly Effect” fechou um período experimental iniciado no ano anterior. Ao contrário de muitas bandas que exploraram o experimentalismo, os Moonspell retiraram daqui muitos dividendos, ao viajar por um mundo alternativo cheio de arranjos diferentes e ricos em mudanças conceptuais. Não é nem de perto nem de longe um dos grandes lançamentos dos portugueses, mas ninguém fica indiferente à rebeldia de um grupo que, até então, era uma das formações mais promissoras da música internacional.