Foi no dia 19 de Julho de 1994 que foi lançado “Portrait Of An American Family”, o longa-duração de estreia de Marilyn Manson.

Foi no dia 19 de Julho de 1994 que foi lançado “Portrait Of An American Family”, o longa-duração de estreia de Marilyn Manson. Depois de ganharem popularidade local ainda como Marilyn Manson & The Spooky Kids devido ao conceito visual dos seus concertos – onde poderíamos encontrar uma mulher nua pregada a uma cruz, crianças em jaulas e partes de animais ensanguentadas -, a banda chamaria a atenção do líder dos Nine Inch Nails, Trent Reznor, que com o apoio da Interscope acabava de fundar a editora Nothing Records.

Em Julho de 1993, com um contrato discográfico assinado e a garantia de seguir em tour com os Nine Inch Nails, Marilyn Manson, Daisy Berkowitz, Gidget Gein, Madonna Wayne Gacy e Sara Lee Lucas entravam em estúdio juntamente com o produtor Roli Mosimann para gravar uma selecção de temas do repertório dos Spooky Kids. Originalmente intitulado “The Manson Family Album”, o trabalho do produtor seria mal recebido pela banda e por Trent Reznor, que teceram duras críticas e sentiram que não representava a qualidade que os temas tinham ao vivo, motivando uma regravação do disco, desta vez com Reznor a trabalhar lado-a-lado com a banda. Com Gidget Gein a travar uma batalha contra a heroína, Jeordie White assumiria as funções do baixo e, seguindo a fórmula dos seus novos companheiros de banda em que combinavam o primeiro nome de uma sex symbol e o apelido de um serial killer, renasceu musicalmente como Twiggy Ramirez.

“The Manson Family Album” dava então lugar a “Portrait Of An American Family”, um disco repleto de referências culturais que, com temas como o aclamado “Cake and Somody” – cuja introdução permite-nos ouvir Marilyn Manson a autoproclamar-se como “God of Fuck” –, antagonizava o povo norte-americano, oferecendo igualmente temas catchy e com vestígios musicais de White Zombie, como “Lunchbox”, “Wrapped In Plastic” ou “Dope Hat”. Com a faixa “Get Your Gunn”, o grupo dava também a conhecer os primeiros indícios da linha perturbadora que adoptaria em álbuns como “Antichrist Superstar”.

Com uma crueza vocal, samples disparados em todas as direcções e o trabalho de produção eficaz de Trent Reznor, “Portrait Of An American Family” mostrava a faceta pateta de uma banda que escondia um monstro. Prova disso foi o crescimento astronómico obtido com o sucessor “Antichrist Superstar”, editado apenas dois anos depois. Apesar de lhe faltar alguma coesão e ainda que seja o álbum musicalmente mais distante da discografia remanescente do colectivo norte-americano, “Portrait Of An American Family” merecia, sem sombra de dúvida, uma posição mais respeitada no top de clássicos de uma banda que nos deu grandes músicas como “The Beautiful People”, “Tourniquet”, “Great Big White World”, “Disposable Teens”, “The Nobodies”, e claro, a cover dos Eurythmics, “Sweet Dreams (Are Made Of This)”.