Leprous “Pitfalls”
Reviews 23 de Outubro, 2019 João Braga
Editora: InsideOutMusic
Data de lançamento: 25.10.2019
Género: metal/rock progressivo
Nota: 5/5
Leprous é daquelas bandas que dispensa quaisquer apresentações, tendo mantido uma série de lançamentos de óptima qualidade desde o seu ano de fundação em 2001. Após o lançamento do sólido “Malina”, em 2017, os noruegueses apresentam-se de uma forma arrojada com uma transfiguração de género musical extraordinária que promete deixar os ouvintes presos aos headphones. Num tom mais intimista e mais comercial em certa medida, “Pitfalls” apresenta a personalidade mais obscura e intensa de um grupo que não pára de surpreender.
Em termos de inovação, os Leprous já demonstraram que são capazes de surpreender, mas nunca passou pela cabeça de ninguém que o conseguissem fazer desta forma, com uma abordagem tão afastada do seu género musical mais comum. A verdade é que o grupo norueguês nunca se rotulou, nem nunca se colocou no lado de um ou de outro estilo musical – eles gostam de música e de a produzir com qualidade excepcional. Ora, este incrível “Pitfalls” tem tudo isso e muito mais, apresentando um quinteto que passa para o álbum os seus próprios momentos obscuros e depressivos, com um toque por demais pessoal para ser ignorado até pelos fãs mais progressistas. “Below” e “Alleviate” tinham mostrado um lado mais comercial e acessível, com muitos traços melódicos e orquestrais. Aquando do lançamento destes dois singles, muitos foram os cépticos que ficaram rendidos – a maior parte – e que se deixaram consumir por uma forma emocional, profunda e intimista da banda. Este sexto lançamento de estúdio continua essa demonstração, revelando, apesar de tudo, componentes elevados de complexidade musical e dinamismo instrumental.
“Pitfalls” é um álbum que espelha o melhor do pior das vidas dos membros do grupo, e, sem ter um alinhamento conceptual, pode perfeitamente sê-lo, saltando de capítulo em capítulo em busca de uma redenção, por vezes, absorta e escondida. “I Lose Hope”, à primeira audição, torna-se num óbvio candidato a música mais melódica e comercial do longa-duração, revelando um tema altamente melancólico, mas tocado de forma vivaz e superior, criando uma ligação forte com o ouvinte; “Distant Bells” é a mais orquestral e mais bem composta de todo o álbum, contrapondo o peso progressivo da rápida e eficaz “Foreigner”; “Observe The Train” – uma balada lenta e suportada pelo coro de vozes suaves e angelicais que se vai arrastando de uma forma prazerosa e que solidifica o conceito desta narrativa que consegue ser triste e esperançosa ao mesmo tempo – continua o excelente desempenho vocal de Einar Solberg, que se evidencia magistralmente nas faixas “Below”, “I Lose Hope”, “Alleviate” e “At The Bottom”, confirmando que é um dos melhores vocalistas e organistas da sua geração e da actualidade; “By My Throne” é a faixa mais diferente de um álbum já de si muito diferente, com um groove muito electrónico dominado por sintetizadores que até põem o corpo a mexer; “The Sky Is Red” é um tema progressivo, com o excelente metal que os Leprous foram produzindo ao longo dos anos – os seus mais de 11 minutos são frenéticos, intensos, progressivos e terminam o álbum da forma mais sombria possível.
“Pitfalls” é um absoluto triunfo e é um dos fortes candidatos a melhor do ano e a um dos melhores da última década. Os Leprous não têm receio das consequências das suas inovações, sendo um quinteto preparado para tudo, não só a nível musical. Podem perder fãs que não se querem adaptar a novas realidades e podem ganhar fãs que podem adaptar-se a um novo género musical. Sim, é mais comercial. Sim, apresenta uns Leprous modificados e regenerados. Não, não produzem um disco barato cheio de lugares-comuns inúteis e sem fundamento musical. “Pitfalls” enche-nos o coração de emoção, seja ela positiva ou negativa, e expõe-nos a uma nova realidade contemporânea do mundo da música progressiva. Não há espaço para ser estático nem para estar preso ao passado, os Leprous fazem isso mesmo num sexto lançamento de originais que abre portas a um mundo anterior que não está de todo esquecido.

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