Com "Towards Nothingness", os alemães Lares expandem o seu sludge metal carregado de niilismo. No fim, não restará nada. Lares: no fim, nada

Origem: Alemanha
Género: sludge metal / post-metal
Novo lançamento: “Towards Nothingness” (2020)
Editora: Argonauta Records
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Com “Towards Nothingness”, os alemães Lares expandem o seu sludge metal carregado de niilismo. No fim, não restará nada.

«Somos todos iguais quando a morte invoca o nosso nome.»

O vosso sludge metal é, de alguma forma, pouco ortodoxo, com uma pitada de psicadelismo, por exemplo. Quão satisfeitos estão com o som que criaram para este álbum? Quanto queriam quebrar barreiras?
Os sons e as músicas deste álbum foram criados através dum processo lento, que começou imediatamente após as gravações do nosso primeiro álbum. Desde a fundação de Lares, nunca quisemos limitar o que tocamos e nunca nos sentámos à mesa para compor um riff. Experimentamos muito durante concertos e jams para se encontrar uma onda sem limites, uma boa combinação entre os nossos diferentes gostos e influências musicais. Todas as músicas são o resultado de muitos instintos primordiais transmutados para a música. Gravámos o álbum em três dias seguidos no Hidden Planet Studio. O Jan já trabalhou connosco no nosso primeiro disco e isso ajudou a captar os sons em que trabalhámos, o que queríamos. Para além disso, o Audiosiege fez um trabalho incrível com a masterização, dando vida à nossa criação.

Lidando com loucura e misantropia, dois temas frequentemente usados no metal, liricamente quão profundos e originais foram quanto a isto?
O álbum é um bocado autobiográfico: cada um de nós compartilhou sentimentos semelhantes com um sabor diferente. Na verdade, não queremos saber de outras bandas quando escrevemos. Mas não é só isso: outro tópico é o niilismo, quão fútil é a humanidade em comparação ao universo. Mencionamos diferentes corpos celestes nos títulos, passando de uma visão mais centrada no ser humano até à faixa final que é apenas noise/drone para se tentar comunicar uma sensação de irrelevância. Não sabemos o quão original isto é na cena metal actual, não queremos ser originais a qualquer custo, são apenas alguns temas e sentimentos gerais que sentimos como nossos.

Há também um tipo de conexão entre Terra, Espaço e outras dimensões – o artowrk prova-o. Quanto do nosso caminho como humanos utilizaram para criar este conceito? Este álbum conta sobre o nosso passado ou também revela o nosso futuro?
A humanidade está destinada a desmoronar e a civilização chegará ao fim – a nossa ideia é mais niilista do que isso, porque, não importando o que acontece ou como nos comportamos, tudo será irrelevante em comparação à escala de tempo do universo, és apenas um espectador. Como previmos a “Mask of Discomfort” em 2017, agora estamos a prever qual será a nossa última jornada até o fim. O que há no final? Bem, com certeza não restará humanidade, e provavelmente mais nada – entropia e vazio prevalecerão, “Towards Nothingness”.

Como estão a lidar com o actual caos pandémico e político?
Não conseguimos ensaiar durante a quarentena e isso interrompeu a nossa rotina de ensaios semanais. Felizmente, o álbum foi gravado no ano passado e a pandemia não afectou a data de lançamento planeada. Lentamente, começámos a tocar outra vez, a preparar o alinhamento para tocarmos naquela sala imunda perto de vocês!
Em relação à situação política e mundial: Lares como banda acredita no caos, na futilidade de resistir à natureza, na autodestruição, na morte, nas drogas que expandem a mente, na aplicação das ciências e na expansão acelerada do espaço.
Se valorizam coisas como raça, ordem, disciplina, família tradicional ou qualquer religião, ignorem a nossa música. Não acreditamos em nenhuma ideologia que a humanidade criou. Isso inclui tretas nazis. Somos todos iguais quando a morte invoca o nosso nome.

Lê a análise ao álbum AQUI.

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